O retorno do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca, a partir de janeiro, se tornou uma esperança para as Big Techs, após um mandato democrata fortemente marcado pela interferência digital.
Essa tendência de uma guinada mais liberal nas políticas que envolvem o setor tecnológico se torna ainda mais potente desde que o bilionário Elon Musk, dono da rede social X, surgiu como um aliado relevante na campanha republicana, inclusive assumindo um cargo no novo mandato de Trump.
Além do fundador da Tesla e SpaceX, outros empresários do Vale do Silício apoiaram a campanha de Trump, como o cofundador do serviço de pagamentos digital Paypal, Peter Thiel, vinculado ao líder republicano desde 2016.
Logo após a confirmação de sua vitória sobre Kamala Harris, diretores de grandes corporações, como a Meta, o Google, a Microsoft e a Amazon parabenizaram Trump nas redes sociais, demonstrando uma certa esperança de que a relação entre Washington e o mercado tecnológico possa melhorar.
Nos quatro anos em que ficou à frente do governo, entre 2017 e 2021, Trump implementou diversas políticas de desregulamentação nos setores de tecnologia e telecomunicações, apesar de ter tido alguns conflitos diretos com magnatas do Vale do Silício, por exemplo, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg.
Em 2022, em uma espécie de pré-campanha dois anos antes das eleições, Trump saiu em defesa da restauração da liberdade de expressão nos EUA que, segundo ele, estaria em risco na gestão de Joe Biden. O presidente, agora eleito, defendeu ações abrangentes contra a censura nas plataformas digitais, que ele considera uma “ameaça à democracia”.
Na ocasião, ele mencionou um “grupo sinistro de burocratas do Estado Profundo, tiranos do Vale do Silício, ativistas de esquerda e a mídia corporativa”, que teria agido para “manipular e silenciar o povo americano”.
Se o mandatário americano mantiver essa postura linha-dura contra a censura, a política adotada pelos atuais gestores da Casa Branca de moderação de conteúdo nas redes sociais deve ser extinta.
Outro sinal de que a dinâmica deve mudar nesse sentido é que essa é a primeira vez que um presidente em exercício terá sua própria rede social, a Truth Social, criada pelo republicano em 2022 após ser banido das principais plataformas no ano anterior.
Outra mudança que deve ser vista com Trump no poder é a relação com o mercado de Inteligência Artificial (IA). Para o republicano, a área é um pilar estratégico para a liderança global dos EUA.
Com isso, a ordem executiva de Biden, que criou diretrizes de segurança e privacidade para o setor, deve ser revogada após sua posse, abrindo caminho para empresas de tecnologia e inovação explorarem a IA com mais liberdade.
Durante a primeira gestão, o Departamento de Justiça lançou o primeiro grande processo antitruste do governo federal contra a empresa Google por seu domínio nas buscas online poucas semanas antes das eleições de 2020.
No entanto, em declarações recentes sobre o tema, Trump demonstrou que não deve prosseguir com esse tipo de ação. Segundo o presidente, tal movimento pode ser “algo muito perigoso porque queremos ter grandes empresas”. Ele acrescentou: “Não queremos que a China tenha essas empresas”.
Outro processo que deve tomar novos rumos é a venda ou proibição do TikTok nos EUA. Diferente do que defendeu no passado, Trump agora expressou mais cautela sobre ser favorável à saída do aplicativo chinês do país, questão que foi defendida em uma lei aprovada pelo Congresso em março deste ano.
O ex-mandatário afirmou que isso pode representar “problemas reais da Primeira Emenda”.