O timing foi perfeito, dias antes da cerimônia de entrega do prêmio Bola de Ouro, que será segunda-feira (28), em Paris. Os três gols de Vinicius Junior na vitória de virada do Real Madrid sobre o Borussia Dortmund por 5 a 2, na Liga dos Campeões, lembraram ao mundo que ele é favorito a ser eleito melhor jogador do mundo.
O chamado hat-trick não conta na escolha, mas nem precisava. Na última temporada, Vini Jr. ajudou o Real a conquistar o Campeonato Espanhol, a Supercopa da Espanha e a Liga dos Campeões. Foram 24 gols e 11 assistências em 39 partidas pelo clube.
O nome dele ganhou ainda mais força depois da final da Champions, disputada aqui em Londres, em junho, quando marcou na decisão e foi eleito o melhor do torneio. Nomes como o treinador José Mourinho e o ex-jogador Rio Ferdinand, que trabalhavam como comentaristas de TV na transmissão da partida, apontaram o brasileiro como favorito. Ferdinand virou até piada por ter repetido a expressão “Bola de Ouro” nove vezes em 30 segundos na hora do gol.
O último brasileiro a receber a Bola de Ouro foi Kaká, em 2007 (no feminino, a premiação só começou em 2018, e só europeias e a americana Megan Rapinoe levaram). Vinicius também quebraria uma hegemonia impressionante: seria o terceiro jogador, desde 2008, a ganhar além de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Os outros dois são o atual companheiro de clube, Luka Modric, eleito em 2018, e o ex-Real Madrid Karim Benzema, em 2022. Imagina a festa nesse vestiário semana que vem, se isso acontecer.
Bom, talvez não para outros jogadores do Real, Jude Bellingham e Killian Mbappé, que estavam no páreo até meses atrás. Antes da Copa América e da Eurocopa, escrevi uma coluna chamada “O que pode tirar de Vini Jr. o prêmio de melhor do mundo”, falando como os torneios de seleções que estavam por vir poderiam influenciar na escolha.
Só que Mbappé não brilhou com a França. A Inglaterra chegou à final, mas nem Bellingham, Harry Kane ou Phil Foden fizeram a diferença.
O concorrente mais próximo na segunda-feira é Rodri, campeão da Premier League com o Manchester City e da Euro com a Espanha. Mesmo assim, por aqui o nome de Vini Jr. é o mais falado e, realmente, parece injusto se não ganhar desta vez.
Lembrando que esse é um dos dois prêmios de melhor do mundo. O Ballon d’Or é organizado pela revista France Football; já o Fifa Best, pela entidade máxima do futebol. Os vencedores da Bola de Ouro são escolhidos por um painel de jornalistas dos países que estão no top 100 do ranking da Fifa, baseado na performance na temporada anterior.
No feminino, a espanhola Aitana Bonmatí, do Barcelona, está entre as favoritas para ganhar pela segunda vez seguida. E ainda chamam a atenção as poucas categorias para jogadoras mulheres quando comparamos ao masculino, que também vai premiar o melhor goleiro, melhor jogador jovem (até 21 anos) e o artilheiro da última temporada.
Além disso, a data é durante o calendário de seleções para elas, e significa que muitas craques não poderão comparecer ao evento.
Que, na segunda-feira, possamos celebrar o merecido reconhecimento a um brasileiro, caso se confirme, e ter em mente que há lições de casa a fazer para o futebol se tornar mais igualitário.
Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.