Vestígios de uma cidade maia de mais de 2.800 anos foram descobertos no norte da Guatemala, a 21 quilômetros do sítio arqueológico Uaxactún, no departamento de Petén. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29) pelo Ministério da Cultura do país.
Los Abuelos (os avós), cuja área é estimada em aproximadamente 16 quilômetros quadrados, “revelou-se como um dos centros cerimoniais mais antigos e importantes” da civilização maia na área florestal de Petén, segundo o comunicado divulgado pela pasta.
O sítio, ainda de acordo com o ministério, apresenta um planejamento arquitetônico notável com sete complexos de pirâmides, observatórios astronômicos e 12 monumentos de pedra.
A cidade recebeu o nome de Los Abuelos devido à descoberta no local de duas esculturas que representam um casal ancestral. “Datadas de 500 a 300 a.C., essas figuras poderiam estar vinculadas a antigas práticas rituais de culto aos ancestrais, reforçando a sua relevância cultural e simbólica”, declarou o ministério.
A descoberta coube a arqueólogos guatemaltecos e eslovacos, que em 2009 ampliaram para cerca de 1.200 quilômetros quadrados a área de pesquisa em zonas pouco exploradas do Parque Uaxactún.
O diretor do Projeto Arqueológico Regional Uaxactún, o eslovaco Milan Kovác, afirmou que as escavações preliminares começaram em 2023 e neste ano ganharam maior escala para “entender a cronologia e também a importância política e ritual” do sítio na região.
Além da cidade, foi descoberto um setor conhecido como Petnal, onde foi encontrada uma pirâmide de 33 metros de altura decorada com murais, e o sítio Cambrayal, que conta com um sistema de canais para água.
“O conjunto desses três sítios forma um triângulo urbano até então desconhecido, e as descobertas permitem repensar o entendimento da organização cerimonial e sociopolítica do Petén pré-hispânico”, afirmou o ministério.
A subdiretora do projeto, Dora García, disse que a quantidade de dados e novos artefatos obtidos fornecem mais informações para reconstruir a cultura maia de Petén. “Cada pedacinho que podemos obter das escavações é fundamental para nós. É como uma peça do grande quebra-cabeça que estamos montando.”
Em abril, pesquisadores encontraram um altar teotihuacano milenar na cidade maia guatemalteca de Tikal, também em Petén —a cerca de 1.300 quilômetros de Teotihuacán—, uma evidência que reafirma os laços entre as duas culturas pré-hispânicas dos atuais México e Guatemala.
Tikal, a 23 quilômetros de Uaxactún, é o principal sítio arqueológico da Guatemala e uma grande atração turística. Com imponentes pirâmides e templos, é considerado um patrimônio mundial pela Unesco desde 1979.
Os maias foram uma das maiores civilizações pré-hispânicas da América e deixaram grandes contribuições para a humanidade. Eles desenvolveram um avançado sistema numérico e de escrita hieroglífica e criaram um calendário que ainda assombra arqueólogos e astrônomos.
A civilização maia se expandiu em territórios que atualmente ocupam o sul do México, Guatemala, Belize, El Salvador e Honduras, e sua existência remonta a pelo menos 2.000 a.C.. Ela teve seu auge no período entre os anos 400 e 450 d.C. e seu declínio ocorreu entre 900 e 1200 d.C..