Além de colocar fim ao programa de checagem de fatos, a nova política de moderação de conteúdo da Meta, anunciada nesta terça-feira (7) pelo CEO Mark Zuckerberg, flexibiliza regras de conduta de ódio que protegiam contra discursos discriminatórios no Instagram, Facebook e Threads grupos como mulheres, imigrantes e a população LGBTQIA+.
Agora, a Meta abre espaço para afirmações de que o povo chinês seria responsável pela pandemia da Covid-19, que mulheres são “objetos domésticos” e não devem ter permissão para servir nas Forças Armadas, ou que homossexuais e transexuais são doentes mentais.
Como parte das mudanças, a Meta atualizou suas diretrizes da comunidade para permitir que usuários associem transexualidade e homossexualidade a doenças mentais.
Entre outras alterações, compiladas em reportagens do The Verge e da Wired, a política agora aceita postagens de conteúdo discriminatório por gênero ou orientação sexual, desde que justificadas por crenças religiosas.
Isso abre espaço para dizer que mulheres não devem ter permissão para atuar em empregos militares e policiais, ou que homens não podem ensinar matemática por serem homens ou gays.
As mudanças permitem ainda discussões sobre exclusão social em espaços específicos e serviços sociais. Nesse caso, seria possível defender a proibição de acesso a banheiros ou grupos de apoio com base em sexo e gênero, especialmente de pessoas transgênero e não-binárias.
Também foi removida a proibição de conteúdo culpando grupos com “características protegidas”, como raça, etnia e identidade de gênero, de serem responsáveis pela pandemia da Covid-19. Sem essa disposição, é possível acusar o povo chinês de ter responsabilidade pela disseminação do coronavírus, por exemplo.
A Meta retirou a menção de que o discurso de ódio pode “promover violência offline”, uma frase que estava presente desde 2019 em suas políticas.
A mudança havia ocorrido após um episódio de 2018, quando a Meta admitiu, após reivindicações de grupos de direitos humanos, que sua plataforma foi usada para incitar violência contra minorias religiosas em Mianmar.
Foi removida outra seção que proibia fazer referências desumanizantes a pessoas transgênero ou não binárias, como se referir a elas como “isso”, ou se referir a mulheres como “objetos domésticos, propriedades ou objetos em geral”.
Um link para uma postagem do blog de 2017 sobre as “perguntas difíceis” que a Meta enfrenta ao lidar com discurso de ódio também foi removido, e algumas referências ao discurso de ódio agora foram alteradas para “conduta odiosa”.
Por outro lado, a Meta preservou restrições antigas nas novas políticas de moderação de conteúdo, como a proibição de negar o Holocausto, fazer blackface e insinuações sobre judeus controlando a mídia, relata a Wired.
Também foi incluída uma proibição contra comparar pessoas negras a “equipamentos agrícolas”.
A lista de “características protegidas” foi mantida, abrangendo raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero e outros grupos, além da proteção contra ataques graves a migrantes e imigrantes.
Ainda é proibido desumanizar pessoas desses grupos, como compará-las a insetos ou doenças, ou alegar que são criminosos ou imorais.
No entanto, a aplicação dessas regras a declarações xenófobas específicas, como as de figuras públicas, permanece ambígua.