Um vazamento de petróleo atingiu praias e áreas de mangue em São Sebastião, no litoral paulista. Moradores afirmam que o incidente ocorreu na última quarta-feira (25) numa tubulação ligada ao terminal da Transpetro —empresa subsidiária da Petrobras. Ao longo de quinta (26), operários da companhia colocaram estruturas de contenção da mancha de óleo no mar e fizeram a limpeza de áreas atingidas.
Vídeos e fotos feitos por moradores da praia Baía do Araçá mostram manchas de óleo nas águas do mar e em um córrego, além de acúmulo do material na areia das praias, em pedras e na vegetação. A Baía do Araçá fica a cerca de dois quilômetros, em linha reta, do píer onde navios petroleiros descarregamento o material.
A Transpetro afirmou que fez inspeções na região e retirou pequena quantidade de óleo, mas ressaltou que a origem do óleo não foi confirmada. Uma inspeção da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) não encontrou nada anormal na operação do terminal.
Já a prefeitura de São Sebastião informou que multou a Transpetro em R$ 50 mil por causa do vazamento.
As imagens mostram homens com macacões e luvas trabalhando na remoção de material contaminado e na contenção do óleo, com boias e outras barreiras colocadas na superfície da água. As gravações são dos dias 26, mas moradores contam que os primeiros vestígios de petróleo apareceram na manhã do dia de Natal.
Segundo um morador, a tubulação afetada conecta o terminal da Transpetro a outras estruturas administradas pela empresa. O oleoduto passa próximo ao córrego Mãe Isabel, que deságua na Baía do Araçá.
Pescadores relatam prejuízos à pesca de mariscos, berbigão e siri, que é a principal fonte de renda para alguns moradores.
“Os marisqueiros estão sendo diretamente afetados, já temos relatos de pesca que está vindo contaminada. Moradores da Baía do Araçá inteira estão reclamando”, conta o pescador Humberto Almeida, que fez alguns dos vídeos que mostram o estrago.
“Colocaram uma barreira de contenção ontem [26], então que mal está dando conta. Então imagine que antes de ontem ficou vazando o dia inteiro”, ele disse. A barreira de contenção foi retirada nesta sexta, segundo a Transpetro.
De acordo com Almeida, esse foi o segundo vazamento no mesmo terminal em menos de três meses. Outro incidente teria ocorrido no dia 9 de ouubro. Ele relata que esse incidente teria ocorrido em outro local.
Nessa data, ele filmou uma viagem de barco pelo canal de São Sebastião em que mostra o reflexo de óleo na superfície da água. As gravações do dia 9 também mostram, à distância, boias tipicamente usadas na contenção de óleo e trabalhadores do terminal posicionados no píer, além de vários barcos ao redor do local onde teria ocorrido o vazamento.
Em nota, a Transpetro afirmou que foi informada sobre o vazamento no córrego no dia 26. “A companhia enviou uma equipe para verificar a situação no local e instalou preventivamente barreiras de contenção no córrego”, informou. “Além disso, a Transpetro e a Secretaria de Meio Ambiente do município realizaram inspeções na região, identificando e removendo uma quantidade pequena de um material cuja origem ainda não foi identificada.”
A Cestesb informou, em nota, que recebeu informações de um possível vazamento de óleo próximo ao centro de São Sebastião no dia 25, mas que “não foi detectada nenhuma anormalidade” durante a inspeção do terminal marítimo da Transpetro.
Nessa inspeção, fiscais da agência detectaram manchas de óleo numa galeria que contém água da chuva mas, segundo a Cetesb, “não foi possível identificar a fonte emissora e não foi confirmado nenhum dano ambiental significativo”.
A agência ambiental confirmou o vazamento do dia 9 de outubro e informou que o incidente ocorreu “por meio de um furo em uma das linhas de abastecimento”. A Cetesb disse que a Transpetro instalou barreiras absorventes e que houve monitoramento da mancha até o dia 14 de outubro. A subsidiária da Petrobras foi multada em R$ 120,2 mil pelo incidente, informou a agência.
“A Prefeitura de São Sebastião multou a Transpetro em R$ 50 mil pela presença de óleo identificado no Córrego Mãe Isabel, na região central, no dia 26 de dezembro”, informou a administração municipal. “A Secretaria do Meio Ambiente acompanha todo o processo para saber a quantidade e o local de onde saiu o óleo.”