O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a declarar nesta terça-feira (7) sua intenção de retomar o controle do Canal do Panamá, citando taxas excessivas cobradas aos navios americanos e a crescente influência da China sobre a operação da passagem.
Em entrevista coletiva realizada em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump reafirmou sua postura crítica em relação ao tratado que transferiu a administração do canal ao Panamá em 1999 – viabilizado pelo falecido ex-presidente Jimmy Carter.
“O Canal do Panamá foi construído para o nosso Exército”, afirmou Trump, ao destacar que a China estaria “basicamente assumindo o controle” da rota que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. Segundo ele, a decisão de Carter de ceder a infraestrutura ao Panamá foi um “grande erro”.
“O Canal do Panamá é vital para o nosso país. Ele está sendo operado pela China. Nós o demos ao Panamá, não à China, e eles abusaram desse presente”, criticou Trump.
Trump sugeriu que o tratado firmado por Carter contribuiu para sua derrota na eleição de 1980, apontando a crise dos reféns na embaixada dos EUA no Irã como outro fator determinante. O falecimento recente de Carter, aos 100 anos, também foi mencionado pelo presidente eleito, que ressaltou a importância de reavaliar a questão do canal diante do cenário geopolítico atual.
Apesar de Trump já ter sugerido anteriormente que poderia tentar retomar o controle do canal após assumir o cargo em 20 de janeiro, ele não detalhou como isso seria feito. Quando questionado sobre a possibilidade de adoção de medidas econômicas ou militares, limitou-se a responder: “Teremos que fazer alguma coisa”.
Ameaça ao Hamas: “O inferno vai se instaurar no Oriente Médio”
Na mesma coletiva de imprensa, Trump também subiu o tom contra o grupo terrorista Hamas, afirmando que espera a libertação imediata dos reféns sequestrados durante o ataque contra Israel antes de sua posse. Caso isso não ocorra, ele prometeu uma resposta enérgica.
“Se eles não estiverem de volta quando eu assumir o cargo, o inferno vai se instaurar no Oriente Médio, e isso não será bom para o Hamas, e não será bom, francamente, para ninguém”, disse Trump, acrescentando: “Vai ser instaurado o caos”.
O futuro enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que acompanhava Trump na entrevista, revelou que as negociações com o Hamas estão avançando e que acredita estar perto de um acordo. Witkoff destacou que a reputação de Trump foi um fator decisivo para destravar o diálogo.
“É o presidente, sua reputação, as coisas que ele disse, que está conduzindo essa negociação”, afirmou, demonstrando esperança de que até o dia da posse haverá “boas notícias” a serem anunciadas.
Trump já havia ameaçado medidas contundentes durante a campanha eleitoral, afirmando que o Hamas deveria libertar reféns israelenses e americanos capturados durante a guerra na Faixa de Gaza. A administração de Joe Biden, democrata em fim de mandato, por sua vez, tem desempenhado um papel diplomático junto ao Catar e ao Egito para mediar a crise.
Mudança do nome do Golfo do México
Em outro ponto curioso da entrevista, Trump afirmou que planeja renomear o Golfo do México para “Golfo da América”. Segundo ele, a nova designação seria “apropriada” e “bela”.
“Vamos mudar o nome do Golfo do México para ‘Golfo da América’, que soa muito bem e cobre uma grande área do nosso território. Que nome bonito”, comentou Trump.
A declaração gerou reação imediata de lideranças conservadoras, incluindo a congressista republicana Marjorie Taylor Greene, que se comprometeu a apresentar um projeto de lei no Congresso para oficializar a mudança de nome.
O Golfo do México, localizado entre as costas dos Estados Unidos, México e Cuba, é uma importante bacia oceânica com história que remonta ao período colonial. Apesar da proposta incomum, a ideia pode refletir a estratégia de Trump de reforçar a soberania americana sobre recursos naturais e territórios de relevância estratégica.
Trump será empossado para seu segundo mandato como presidente dos EUA no dia 20 de janeiro.