The Rogue Prince of Persia traz uma reviravolta interessante à fórmula clássica da saga, aliando gameplay fluido a viagens no tempo. Mas precisa urgentemente de mais conteúdos.
Prince of Persia está a ter um ano em grande: após o lançamento de Prince of Persia: The Lost Crown no início do ano, a Ubisoft decidiu agraciar os jogadores com um outro título do icónico príncipe, mas com uma mecânica bastante curiosa que o distingue dos demais jogos.
Tal como o nome indica, The Rogue Prince of Persia introduz a saga da Ubisoft ao género roguelite, com o protagonista a regressar ao início do jogo – uma área chamada The Oasis – de cada vez que sucumbe em batalha. Apesar de ter sido feito pela Evil Empire, o estúdio responsável por Dead Cells, o jogo possui ainda assim todos os ingredientes típicos de um jogo Prince of Persia, como parkour fluido, armadilhas abundantes e combate desafiante, com bosses poderosos a testarem as habilidades adquiridas.
A história do jogo é bastante direta, obrigando o príncipe titular a alcançar o castelo de maneira a salvar a sua terra de uma invasão dos Huns; alicerçado por um dispositivo mágico, o príncipe pode viajar no tempo para alguns dias antes da invasão sempre que morre, recomeçando o ciclo uma e outra vez. Tendo em conta a natureza simplista e diminuta da história, com o pouco que existe a ser exposto de uma forma textual, foi uma pena o jogo não ser dobrado!
Prince of Persia roguelike
Sendo um roguelite, é óbvio que vai existir um componente repetitivo no jogo: iremos atravessar os mesmos biomas e derrotar inimigos semelhantes em praticamente cada playthrough, algo que pode deixar alguns jogadores de pé atrás (especialmente aqueles habituados à fórmula clássica do jogo). Esta sensação de repetição é ligeiramente colmatada por diferentes variações dos níveis, já que os inimigos podem estar posicionados em locais diferentes ou podes encontrar uma armadilha que não existia previamente.
Acima de tudo, The Rogue Prince of Persia é um jogo de paciência e aprendizagem. Cada playthrough serve não só para aprimorar as técnicas do príncipe mas também para explorar o mundo do jogo em busca de segredos ou itens (como armas ou equipamento) que facilitarão a jornada. Podes até encontrar um NPC escondido algures no mapa do jogo que fornecem objetivos menores e ajudam assim a dinamizar a playthrough!
Ao longo da aventura, o príncipe pode colecionar vários tipos de moedas: Money e Spirit Glimmer. O primeiro é óbvio, permitindo-te gastar dinheiro em diversas lojas e ferreiros ao redor do mundo. Relativamente a Spirit Glimmer, esta é uma moeda utilizada para desbloquear atualizações permanentes no oásis, que podem ser armas ou crachás que conferem ao príncipe habilidades adicionais.
Novo género, fluidez de sempre
A fluidez dos movimentos e ataques do príncipe é provavelmente o maior trunfo do jogo, com um vasto arsenal à disposição. Ele possui uma arma principal, um arco, a capacidade de pontapear, de executar um salto especial sobre os inimigos e até consegue trepar pelas paredes do cenário, num misto de habilidades que, quando encadeadas, proporcionam momentos de pura adrenalina. Apesar do look simplista, o sistema de combate e exploração em vigor é surpreendentemente complexo, ganhando proporções insanas nas bosses do jogo.
The Rogue Prince of Persia é também um salto considerável relativamente ao look do jogo, com uma direção artística bastante diferente de tudo aquilo visto anteriormente na série. Os gráficos mais “realistas” de The Lost Crown foram descartados, dando lugar a um estilo mais simplista, quase reminiscente de um desenho animado, com um vasto uso de cores pastel e tracejado retilíneo que lhe confere um aspeto peculiar, mas igualmente envolvente. A banda-sonora é eletrizante, uma mistura de sons orientais com batidas modernas que são verdadeiramente viciantes – as músicas são já de si fantásticas mas, em contexto de jogo, ganham uma pujança incrível à medida que saltas por obstáculos e eliminas inimigos.
No entanto, The Rogue Prince of Persia parece o esboço de algo especial que ainda está por vir. Apenas experimentámos a versão Early Access, que contém apenas 6 níveis e dois bosses, um valor exageradamente reduzido. Os criadores do jogo prometem duplicar os conteúdos no futuro, algo que é imperativo: de momento, esta nova aventura parece mais uma demo glorificada, algo que pode não justificar o seu preço atual de 19,99€.
Existem ainda algumas arestas a limar de um ponto de vista técnico, com os menus a bloquearem de quando em vez e a obrigarem-me a reiniciar o jogo. Claro está, a Evil Empire vai certamente corrigir estes pequenos erros ao longo dos próximos tempos e, de uma forma geral, não afetam negativamente a experiência.
Conclusão
Os alicerces de uma grande aventura estão já construídos, e agora cabe à Evil Empire fortificar aquilo que criaram lançando novos inimigos, ambientes, bosses, armas, desafios de plataforma, opções de personalização, melhorias técnicas, entre muitos outros conteúdos. De momento, por mais divertido que o jogo seja, é difícil recomendá-lo por tudo aquilo que fui enumerando anteriormente; mas acredito que o caso dará uma volta de 180 graus muito em breve.
Prós: | Contras: |
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