Após meses de investigação, policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) localizaram e entraram em confronto com o traficante Thiago da Silva Folly, conhecido como “TH da Maré”, de 36 anos, resultando na morte do criminoso durante operação deflagrada na madrugada desta terça-feira (13), no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O traficante comandava o Terceiro Comando Puro (TCP) e era dono de uma extensa ficha criminal. TH estava foragido há 9 anos, tinha 17 mandados de prisão em aberto e 227 anotações criminais em inquéritos envolvendo homicídio, roubo, tráfico de drogas e outros delitos.
Mais cedo, durante coletiva sobre a operação, o secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, mostrou aos jornalistas a ficha criminal impressa de TH. O documento tinha cerca de 5 metros de comprimento.
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“A operação foi um sucesso, pautada por inteligência. Desde a morte dos 2 PMs [do Bope, em julho de 2024], a inteligência não parou de trabalhar para identificar e prender esses criminosos”, disse o secretário de Segurança Pública do RJ, Victor Santos.
TH da Maré estaria diretamente envolvido na morte dos policiais. O traficante estava sendo monitorado há 8 meses.
A operação
Os policiais encontraram TH em um “bunker” no Morro do Timbau, no Complexo de Maré, local usado para preparação física e tática de criminosos, segundo a investigação.
Além de TH, outros dois criminosos foram mortos durante a troca de tiros. Os dois seriam seguranças de TH. Os seguranças foram socorridos para o Hospital Municipal Evandro Freire, mas não resistiram aos ferimentos. De acordo com a polícia, cerca de 20 ou 30 seguranças guardavam a casa de dois andares onde TH estava.
Os criminosos chegaram a atear fogo em objetos e formar barricadas nos acessos ao complexo para conter o avanço da PM.
Por conta do intenso tiroteio, várias vias da cidade foram fechadas. O coronel Marcelo Nogueira disse que o fechamento das vias é praxe nesse tipo de operação
TH dividia o comando da Maré com outros dois chefes
TH da Maré atuou como segurança do traficante Marcelo Santos das Dores, conhecido como “Menor P”, preso em 2014.
Com a saída o Menor P, Thiago Folly assumiu a gerência da área a passou a dividir o comando da Maré com Edmilson Marques de Oliveira, o Cria ou Di Ferro; e Michel de Souza Malveira, também conhecido como Bill, Mano Bill, Mangolê ou César.
Segundo informou o subsecretário de inteligência da PM, coronel Uirá Ferreira, TH era especialista em roubo de cargas e chegou a ser preso em 2026, mas “nunca entrou no sistema penitenciário”
“O TH tinha uma questão: roubo de cargas. Ele liderava esse crime. A Maré tem mais importância para o TCP por seu tamanho e complexidade — são quase 400 mil habitantes. O TCP é diferente do CV. Eles trabalham como filiais. Estamos antentos”, disse Ferreira.
Após a operação, a PM reforçou a segurança no entorno da Maré por tempo indeterminado.
TH se vestia de super-herói para ganhar a simpatia dos moradores
A investigação da polícia descobriu que TH seguia uma prática comum entre os criminosos que atuam no Complexo da Maré. Para ganhar a simpatia dos moradores, os criminosos se aproveitam do dia das crianças e vestem roupas de super-heróis. TH teria preferência pela fantasia do Batman.
TH também contava com a parceria de André Luís dos Santos Affonso, conhecido como “Pai”, responsável por evitar disputas com traficantes de comunidades controladas pelo Comando Vermelho (CV) em São Gonçalo e Niterói. As comunidades são fundamentais para o caixa do TCP.
A venda de drogas nos locais, bem como a exploração de canais clandestinos de TV e o comércio de bebidas em bailes funks renderia até R$ 200 mil por mês para o TCP.
Além disso, todas as drogas vendidas em São Gonçalo seriam compradas no Complexo da Maré.