O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) declarou que Lula irá enfrentar dificuldades nas eleições de 2026, se optar pela reeleição em busca do quarto mandato. Na avaliação do emedebista, o atual presidente deve repensar a candidatura após a queda de popularidade da gestão petista, agravada pela falta de apoio do Congresso Nacional, que cobra uma melhor interlocução com o governo federal.
“Acho que o presidente Lula não tem feito uma coisa que fazia muito nos dois primeiros mandatos. Ele dialogava muito com o Congresso Nacional. Houve uma época em que eu era presidente do partido e ele fazia reuniões regulares com os presidentes dos partidos e líderes partidários, o que me parece que deixou de fazer”, afirmou Temer em entrevista ao programa Canal Livre, da BandNews, que será exibido na noite deste domingo (11).
“Segundo ponto, caiu a popularidade dele, sem dúvida alguma. O que penso fará com que ele medite duas ou três ou dez vezes para ser candidato à Presidência pela quarta vez”, completou o ex-presidente.
Questionado sobre a narrativa petista de “golpe” no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Temer respondeu que não tem nenhum ressentimento e disse que Lula mantém o discurso para agradar o partido. O emedebista era vice de Dilma e assumiu o comando do Palácio do Planalto em 2016.
“Ele sempre se deu muito bem comigo, mas faz isso para agradar uma área do PT, o partido dele. Politicamente é natural, não tenho nenhuma objeção. Até porque ele fala, mas não pega. Se falasse e colasse, eu ficaria preocupado, mas não cola”, comentou Temer, que ainda revelou que não voltou a ter contato com Lula e jamais tratou do assunto com o líder petista.
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O ex-presidente ainda comentou sobre a possibilidade de uma articulação única entre os governadores cotados para a disputa das eleições de 2026, caso Jair Bolsonaro (PL) permaneça inelegível em consequência das condenações pela Justiça Eleitoral. Entre os nomes que despontam estão Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil). Temer ainda incluiu o gaúcho Eduardo Leite, que deixou o PSDB para se filiar ao PSD na última semana.
“Eu vejo, em conversas que tive com alguns governadores, que eles estão muito dispostos a algo desta natureza. Não serão cinco que sairão. De fato, sob um critério palpável e objetivo, se saírem cinco de um lado e um único do outro, é claro que este único do outro terá uma vantagem extraordinária. Espero que haja dois ou três candidatos de programas determinados, sem muitas candidaturas”, afirmou.
Temer criticou a polarização política nas últimas eleições no Brasil e disse que o povo está mais interessado no resultado do governo. “Essa coisa de esquerda e direita é muito eleitoreira. Até dou exemplos concretos de um governo que era liberal, como o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que fez muito pelo social, e um governo tido como esquerda, como o primeiro mandato de Lula, que fez muito pelos empresários”, opinou.
Ele ainda defendeu que o país chegue a um consenso sobre a anistia dos condenados pelo ato de 8 de janeiro de 2023 sem “conflito” entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) com redução das “penas exageradas”.
“Precisa encontrar o meio-termo nessas questões. Eu tenho dito com muita frequência sobre a anistia que o Congresso pode fazer, é competência do Congresso editar um ato de anistia. Mas não acho útil para o país. Acho que o mais útil seria que o próprio STF fizesse uma nova dosagem das penas.”
Na manhã deste domingo, o ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, postou na rede social X que não existe uma “direita sem Bolsonaro” e criticou o movimento em busca de um candidato alternativo em oposição a Lula.
“Se continuarem nessa palhaçada de “direita sem Bolsonaro” eu vou manobrar dia e noite por uma chapa pura. Tem muitos mandatos batendo palmas. Eleição é voto e o bolsonarismo é a usina geradora deles”, escreveu.