Depois de uma quarta-feira (6) com mais de 30 pontos de alagamentos e queda de energia na cidade de São Paulo, a previsão do tempo indica um cenário meteorológico semelhante nesta quinta-feira (7).
Por isso, a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decidiu instalar a partir das 8h desta quinta um gabinete de crise, que contará com membros de agências reguladoras estaduais, concessionárias de energia elétrica e de abastecimento de água. A intenção, segundo o governo, é permitir uma comunicação ágil e ações mais efetivas de monitoramento e controle.
Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da Prefeitura de São Paulo, o sol aparece entre nuvens e mantém o tempo abafado, com os termômetros variando entre mínimas de 20°C e máximas que podem superar os 26°C. Entre a tarde e a noite, porém, uma nova frente fria chega ao estado.
O resultado deve ser a ocorrência de chuvas na forma de pancadas de moderada a forte intensidade, com descargas elétricas e potencial para formação de alagamentos, assim como nesta quarta. A diferença é que existe a possibilidade de rajadas de vento mais fortes, que podem superar os 50 km/h na Grande São Paulo.
Em relação à chuva, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê precipitação entre 20 e 30 mm por hora ou até 50 mm por dia. O mesmo cenário que em grande parte do país, desde o Amazonas, cobrindo todo o Centro-Oeste e quase todo o Sudeste. Apenas a região Sul é a que possui alerta de tempestade com ventos de até 100 km/h e acumulado de até 100 mm de chuva por dia.
Parte desta tempestade pode atingir o sul do estado de São Paulo, na região de Iguape, Ibiúna e Itanhaém. No restante do interior paulista e litoral, a previsão também é de pancadas isoladas, mas em menor volume.
Nesta quarta, a chuva foi acima do esperado na região metropolitana de São Paulo, com destaque para os municípios de Carapicuíba, Barueri, Osasco e Jandira, além da capital. De acordo com os dados da Defesa Civil estadual, choveu em 24 horas nesses locais, respectivamente, 143 mm, 142 mm, 89 mm, 84 mm e 83 mm.
Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo, explica que as frentes frias da primavera costumam ser mais intensas devido à transição entre duas estações de características climáticas opostas: o inverno, que traz clima mais seco e com ar frio, e o verão, com temperaturas altas e umidade abundante. Essa combinação cria um forte contraste de temperatura entre o ar frio que avança do Sul e o ar quente que já se acumula nas regiões mais ao norte.
“Esse contraste térmico é um dos principais fatores que intensifica as frentes frias nesta época do ano, resultando em sistemas meteorológicos mais potentes, que trazem chuvas volumosas, ventos fortes e, em algumas áreas, risco de granizo”, diz Borges. “A elevação da umidade atmosférica durante a primavera contribui ainda mais para a formação dessas tempestades, já que há maior disponibilidade de vapor de água para alimentar sistemas de chuva intensos.”
A frente fria permanece sobre São Paulo na sexta-feira (8), mantendo o tempo chuvoso, mas em volumes que devem ser ainda maiores que os dias anteriores. O CGE alerta que o cenário aumenta o potencial para formação de alagamentos, deslizamentos de terra e transbordamentos de pequenos rios e córregos.