Não é um remake do original 8 bit mas não fica longe atendendo à série de melhorias introduzidas, especialmente a nível gráfico e em toda a atmosfera. A menor longevidade pode desapontar mas enquanto se joga é entusiasmante.
Shadow of the Ninja foi originalmente editado para a NES em 1990. Um jogo de acção inspirado em Ninja Gaiden mas dotado de mecânicas próprias e um ambiente único, futurista. O avanço na tecnologia digital na segunda metade da década de 1990 permitiu a muitos produtores darem o salto do 2D para o 3D com sucesso. No entanto, o desenvolvimento a duas dimensões possui virtudes e por isso os jogos 2D ainda hoje são desenvolvidos. Jogos de acção e plataformas continuam a gerar interesse e despertar continuações e novas produções.
Produzido pela Natsume, permanece como um óptimo exemplar 8 bit desses jogos vocacionados para a acção com uma boa dose de dificuldade, capaz de fazer exasperar o jogador mais qualificado. Apesar da curta distância de níveis e do trajecto a cumprir até ao fim num par de horas, tempo adicional pode ser gasto a lidar com os bosses, até que os seus golpes e movimentos sejam memorizados e as acções adequadas aplicadas no tempo certo.
Na versão Reborn, Shadow of the Ninja contempla aquele grão da experiência retro “old school”. Eleva a qualidade gráfica, junta boa música e aprimora jogabilidade. Quando comparado com o original, Shadow of the Ninja Reborn surge com uma nova luz e cor aos nossos olhos. Permanecendo fiel ao formato 2D, adquire contornos e um substrato que puxam pelas qualidades do original. Não sendo bem, é quase um “remake”.
O trabalho da Tengo Project é louvável na medida em que pega no esquema do original, na forma do jogo e acrescenta-lhe cores e substractos que fortalecem a composição dos níveis, ao mesmo tempo que a jogabillidade imediata e recheada de golpes que alternam entre itens e equipamento predefinido, define a experiência. O resultado é um autêntico festim de acção, bons picos de combates, e também alguns momentos de frustração e ao mesmo tempo recompensadores, especialmente se subirem de dificuldade. O problema maior a apontar é a curta duração do jogo, mas os jogos mais antigos arcade eram assim, completados num par de horas.
O espaço é uma Nova Iorque futurista, no final da segunda década do século 21. Assassinos misteriosos invadiram a cidade, levando a destruição e o caos até às zonas mais obscuras da “big apple”. Hayate é um jovem ninja qualificado para a tarefa, ainda que por vezes o seu temperamento o leve a cometer alguns erros, coisa que Kaede parece evitar graças a um maior esclarecimento. Ambos podem ser chamados ao terreno por via individual ou através do multiplayer, opção presente no jogo original da NES.
Os protagonistas servem-se de um conjunto significativo de equipamento. Desde a tradicional katana e cadeado com uma lança na ponta, passando por um conjunto de objectos que podem ser adquiridos ao longo da aventura. Ao mesmo tempo, com a recolha de umas “orbs” colocadas em pontos estratégicos, é possível melhorar a qualidade do equipamento em um nível.
A jogabiliadde é interessante e aprazível, começando por golpes básicos e em cadeia que projectam a identidade dos protagonistas. A katana liberta um círculo em volta da personagem altamente letal, sempre que é activada. Este poder pode ser trocado por outro derivado de um diferente equipamento. As opções são significativas e revelam maior aplicação diante de adversários mais vulneráveis ao seu uso. Os golpes kabuto-wari e tsuba-dachi são aplicados com a personagem no ar, tombando sobre os inimigos. Já o ataque Ninjutsu é um poderoso golpe libertador mas que consome energia.
Para um movimento fantasmagórico basta libertar o botão L, um passo capaz de surpreender alguns inimigos, numa tentativa de chegar perto sem sofrer grandes danos. O ataque kusarigama é usado na posse do cadeado, passível de ser lançado em 8 direcções, óptimo para ataques de longa distância. As capacidades de um Ninja estão ainda reforçadas através dos movimentos que permitem a gravitação, correr por uma parede e permanecerem parados numa posição vertical. Subir para o piso acima é possível em certas situações.
Este conjunto de golpes e habilidades requer algum tempo de adaptação e aprendizagem, através do esquema de tentativa e erro que pode tornar-se exasperante em batalhas contra adversários com habilidades incomuns e mais rápidos na movimentação. Quanto à longevidade, há uma mão cheia de níveis, bem desenhados e repletos de áreas passíveis de avanço. Cada nível é composto por 3 segmentos, sendo que a passagem ao segmento seguinte significa que continuam a partir dali mesmo que percam todas as vidas.
Quanto a modos de jogo, não existem muitos. O modo arcade é composto pelos seis níveis e permite amealhar o pocket money, obtido pelos inimigos obliterados. Este dinheiro pode ser convertido, na sessão seguinte ou depois de um “save” por objectos e equipamento único. Até sete objectos podem ser alinhados para uma utilização imediata. O modo “time attack” fica disponível depois de completado o modo arcade e aí passam a jogar em modo contra relógio, podendo na mesma recolher objectos que tenham ficado para trás no modo arcade.
Em resumo, estamos diante de um óptimo e saudável regresso de um jogo de acção 2D. Se o original ainda é uma experiência bastante aceitável capaz de evocar a melhor nostalgia da NES, este regresso melhora o conteúdo e reforça as bases do original, com um grafismo impecável e uma jogabilidade simples e algo árdua de dominar mas recompensadora. Não se pode dizer que seja um jogo com uma grande longevidade, mas o tempo passado a trabalhar estas artes marciais é seguramente recompensador.
Prós: | Contras: |
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