O pai de Albino Santos de Lima —apontado como o maior serial killer da história de Alagoas— foi indiciado por ter supostamente entregue a pistola calibre .380 ao filho. A arma foi utilizada, segundo a polícia, em pelo menos dez homicídios em Maceió.
Albino confessou ter sido responsável por oito mortes e negou participação no atentado a um casal que frequentava sua igreja. A Polícia Civil investiga outros oito casos, de 2019 a 2020, que poderiam ter sido cometidos por Albino.
À polícia, José Alfredo de Lima, 69, que é policial militar aposentado, disse que emprestou a arma ao filho somente em duas oportunidades: a primeira, há cerca de três anos, para que Albino saísse com uma mulher para namorar e a segunda, há cerca de quatro meses, para que ele pudesse trabalhar como segurança num condomínio de casas em Marechal Deodoro (AL).
Ele declarou, ainda, que sempre guardava essa arma numa gaveta em seu quarto e que não sabia que Albino vinha a utilizando. Também afirmou que não tinha conhecimento de que Albino praticava os homicídios com a pistola e que não conhecia nenhuma das vítimas do filho.
O delegado Gilson Rego Sousa, que preside o inquérito, afirmou à Folha que não foi comprovado que o pai teria qualquer envolvimento nos crimes.
“A arma está, de fato, registrada no nome do pai dele. Ele foi indiciado, no Estatuto do Desarmamento, por ter entregue a arma ao filho. O Albino disse que nunca falou nada para ninguém. Nenhum dos familiares sabiam. Os familiares também disseram que não sabiam que ele praticava esses crimes na região”, explicou.
Nesta quinta-feira (21), foi finalizado o quarto de nove inquéritos de mortes atribuídas a Albino. Cinco, inclusive a morte do casal negada pelo suspeito, estão em finalização de diligências.
“Foi finalizado hoje o de Beatriz Henrique da Silva, morta em dezembro do ano passado. Ele foi indiciado por homicídio qualificado e também por lesão corporal em relação ao filho dela, de quatro anos, que foi atingido acidentalmente por um dos disparos”, contou o delegado.
Albino Santos de Lima, um ex-segurança penitenciário, foi preso preventivamente em 17 de setembro e teve itens apreendidos. Entre eles, estavam diversas pastas com conteúdo pornográfico e com informações do dia a dia de possíveis alvos. Conforme a investigação, uma das pessoas estava sendo acompanhada por seis meses.
Advogado de Albino, Geoberto Bernardo de Luna disse à Folha que seu cliente sofre de problemas psiquiátricos. Segundo ele, o suspeito é portador de uma patalogia grave, a sociopatia, e já havia sido diagnosticado com depressão e ansiedade, além de ter sido recomendado que tomasse remédios psiquiátricos.
As vítimas tinham de 13 a 25 anos. Foram sete mulheres, incluindo uma trans.
De acordo com a polícia, ele seguia seus alvos alvo e atirava na cabeça, sem dar chance de reação. Para isso, usava a pistola calibre 380, que pertencia ao seu pai. Nenhuma das vítimas foi alvo de violência sexual.
Vídeos de câmeras de segurança divulgados pela polícia mostram que o Albino vestia roupas pretas, utilizava máscara de proteção e boné para atacar as vítimas. Ele fazia o trajeto a pé. Os crimes aconteceram nos bairros Vergel do Lago, Ponta Grossa e Levada, que ficam a cerca de 850 m da residência em que Albino foi preso no dia 17 de setembro, na parte baixa de Maceió.
As vítimas do serial killer de Alagoas
Nome, idade e data aproximada do crime
1. Mikaele Leite da Silva (21 anos) – 29.out.2023
2. Louise Gbyson Vieira de Melo (18 anos) – 12.dez.2023
3. Beatriz Henrique da Silva (25 anos) – 15 dez.2023
4. Debora Vitoria Silva dos Santos (21 anos) – 18.dez.2023
5. John Lenno Santos Ferreira (20 anos) – 18.dez.2023
6. Joseildo Siqueira Silva Filho (24 anos) – 8.jan.2024
7. Tamara Vanessa da Silva Santos (21 anos) – 9.jun.2024
8. Emerson Wagner da Silva (17 anos) – 22.jun.2024
9. Ana Clara Santos Lima (13 anos) – 4.ago.2024
10. Anna Beatriz Santos Tavares (13 anos) – 27.ago.2024