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O intestino é o segundo cérebro. Não é à toa que essa frase é repetida por médicos e cientistas. A saúde intestinal tem relação direta com a saúde mental —assim como com a imunidade e a qualidade de vida como um todo.
Entenda: o intestino tem conexão direta com o sistema nervoso. Questões de saúde mental, como ansiedade e depressão, podem ter efeitos na microbiota, explica Áureo de Almeida Delgado, gastroenterologista e presidente da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia).
E o contrário também: “quando você está com um problema intestinal, você pode ter manifestações neuropsíquicas que também são retroalimentadas”, diz o especialista.
O papel da microbiota vai além. Ela é composta por trilhões de bactérias e é responsável por diversas funções do organismo, como a digestão, a síntese de vitaminas e a defesa imunológica.
Por isso, cuidar da saúde intestinal é fundamental para evitar doenças, desconfortos e desequilíbrios emocionais.
Como está a sua? Para saber se está em dia, é preciso olhar para o funcionamento do intestino e para alguns sinais de alerta.
Algumas “red flags” (bandeiras vermelhas, em português) podem indicar doenças ou problemas, de acordo com Rodrigo Barbosa, médico cirurgião do aparelho digestivo.
A principal delas é a alteração no hábito intestinal. O funcionamento do intestino é algo muito pessoal, mas ter diarreia, constipação (intestino preso) ou as duas condições alternadas pode ser sinal de problema.
↳ O que é normal? Ir ao banheiro de três vezes ao dia a três vezes por semana, de acordo com Delgado.
Se a alteração na frequência durar mais que duas semanas, é indicado procurar um médico especialista.
Veja quais são os outros sinais, segundo Barbosa:
- Presença de sangue ou muco nas fezes;
- Inchaço ou distensão abdominal;
- Vontade persistente de evacuar, com a sensação de que o intestino não foi esvaziado por completo (chamada de tenesmo);
- Alteração no formato das fezes;
- Perda de peso involuntária;
- Fadiga ou cansaço em excesso.
Os especialistas alertam para uma condição específica: a síndrome do intestino irritável, um distúrbio muito comum que compromete a qualidade de vida das pessoas.
- Ela se manifesta com dores abdominais, acompanhadas de distensão, flatulência e alterações nos hábitos (diarreia, constipação ou ambas).
“Não existe nenhuma lesão na parede do intestino, não existe nenhuma ferida, nenhuma ulceração, mas existe uma disfunção no eixo cérebro-intestino, que se manifesta com uma disbiose”, explica o presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
A disbiose é o desequilíbrio da microbiota intestinal, que deve ser tratado com uma dieta saudável e, se necessário, o consumo de probióticos.
“Quando você está diante de um sintoma que não melhora, que é recorrente, procure um médico para poder identificar a causa da disbiose e tratar adequadamente”, afirma Delgado. “Pode ser uma doença, pode ser uma pequena alteração dessa microbiota. Então, não saia se automedicando.”
O que fazer no dia a dia? Bons hábitos contribuem para a saúde intestinal e evitam desequilíbrios. Veja quais são eles:
- Consuma fibras por meio de legumes, vegetais e frutas;
- Mastigue bem, saboreando os alimentos;
- Coma sem pressa —o ideal seria levar de 20 a 30 minutos para fazer a refeição;
- Evite ingerir muito líquido durante a refeição;
- Beba bastante água durante o dia (pelo menos 35 ml por quilo do seu peso);
- Não tome antibióticos sem prescrição médica (eles podem alterar a microbiota);
- Pratique exercícios físicos (ajudam no funcionamento do intestino);
- Evite tomar probióticos sem orientação médica.
E mais: não precisa cortar glúten, nem lactose, se não tiver uma intolerância alimentar diagnosticada. “Virou moda tirar glúten e lactose da dieta. Mas, para a saúde intestinal, eles não precisam ser retirados, exceto se comprovado por meio de exames que são maléficos para você”, afirma Delgado.
Notou alguma mudança nos hábitos intestinais que afeta seu dia a dia? Procure ajuda antes de tomar providências.
“Se você tiver algum sintoma muito estranho, como inchaço, constipação, diarreia frequente, dores abdominais, isso tem que ser investigado”, diz Barbosa. “Busque um gastroenterologista ou um coloproctologista pra avaliar.”
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