O Santos concluiu, na noite de segunda-feira (11), sua principal tarefa de 2024: assegurar o retorno à Série A do Campeonato Brasileiro. A equipe alvinegra derrotou o Coritiba por 2 a 0, gols de Wendel Silva e Otero, no estádio Couto Pereira, em Curitiba, e garantiu que terminará a segunda divisão, na pior das hipóteses, na terceira colocação.
O título também está muito próximo e será obtido, sem a dependência de outros resultados, com mais dois pontos. Mas, alcançada a grande meta do ano, o clube começa a pensar em como será sua volta à elite, com o plano de montar um time que não se limite a brigar contra o rebaixamento, como se tornou corriqueiro até a degola, em 2023.
A campanha na Série B, embora superior à dos concorrentes, não foi construída sem sobressaltos. Com 66 pontos em 36 rodadas (20 vitórias, 8 empates e 8 derrotas), a formação praiana registrou até aqui um aproveitamento de 63%, porém o futebol foi criticado, e o técnico Fábio Carille, contestado.
Após o vice-campeonato paulista e um bom início na segunda divisão nacional, houve entre maio e junho quatro derrotas consecutivas. Em agosto, nova sequência de quatro partidas sem vitória, com um revés e três empates. Já em novembro, com o acesso muito bem encaminhado, o presidente Marcelo Teixeira foi cobrado por torcedores e teve uma discussão ríspida com um deles.
Nesse cenário, apesar da festa pelo objetivo atingido, o ambiente não é o típico de uma equipe que sobe. Haverá mudanças para 2025, e uma delas pode ser no comando técnico.
Existem divergências dentro da própria diretoria em relação à manutenção do trabalho de Carille. O contrato do treinador tem um gatilho de renovação automática em caso de acesso e uma multa rescisória de aproximadamente R$ 1,5 milhão. A chance de permanência, antes tida como bem improvável, cresceu com a atual sequência de quatro vitórias.
Pesa, porém, contra o técnico a rejeição de uma parcela considerável da torcida, apegada ao propalado “DNA ofensivo” do clube. Carille não é um profissional com esse código genético –embora o Santos tenha o melhor ataque da Serie B, com 56 gols– e fez também, no contexto da segunda divisão, uma aposta em jogadores mais experientes. Na vitória do acesso, a escalação inicial tinha só um atleta da base, e o apreço pelos “Meninos da Vila” é outra característica marcante dos santistas.
Marcelo Teixeira já deixou claro que pretende dar mais espaço aos garotos. “O Santos, em um espaço de tempo curto, voltará a ter uma equipe jovem, competitiva, com talentos revelados na base, que estarão representando o time em competições oficiais, à altura das grandes forças do futebol brasileiro”, afirmou, no mês passado, à Folha.
Também nessa entrevista, o dirigente disse que o trabalho de Carille “foi escolhido para a temporada de 2024”, “um ano atípico, uma temporada completamente fora da realidade do clube”. Uma indicação de que o caminho pode ser outra com a volta à primeira divisão.
De qualquer maneira, por parte dos torcedores, os questionamentos deram lugar ao alívio pelo fim de um martírio que, sempre bradaram, jamais viveriam. Uma celebração que se juntou à expectativa de retorno de um célebre menino da Vila.
Veículos da Arábia Saudita publicaram que o Al Hilal está disposto a rescindir no fim do ano o contrato de Neymar, 32, que tenta se recuperar de seguidos problemas físicos. A possibilidade ainda é tratada como remota, mas o Santos e o atacante têm trocado afagos –o atleta foi convido a ver o último jogo da equipe em casa na Série B, contra o CBR, no próximo domingo (17).
“Tudo vai depender da vontade do jogador, no momento certo de ele querer voltar ao Brasil. Lógico que o Santos tem um projeto visando o retorno de um jogador desse nível. Ele mesmo já declarou que aqui se sente em casa, já manifestou o desejo de retornar ao Santos, são bons indícios”, disse Marcelo Teixeira.
É um sonho.
A realidade, após um ano atípico, é que o Santos é novamente um clube da primeira divisão do futebol brasileiro.