O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta segunda-feira (9) para discutir a situação da Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad, que ficou 24 anos no poder.
A Rússia, que concedeu asilo a Assad e sua família após uma ofensiva de grupos rebeldes, foi o país que solicitou uma reunião privada para discutir o colapso da ditadura síria.
“Dados os eventos recentes na Síria, cuja profundidade e consequências para este país e toda a região ainda não foram totalmente compreendidas, a Rússia solicitou consultas urgentes fechadas no Conselho de Segurança da ONU”, disse o Primeiro Representante Permanente Adjunto da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, neste domingo (8), por meio do aplicativo de mensagens Telegram.
De acordo com Polyanskiy, o motivo da reunião seria discutir a situação específica da Força de Observação de Desengajamento das Nações Unidas, responsável por manter um cessar-fogo entre Israel e a Síria e supervisionar uma zona-tampão que separa as Colinas de Golã do resto da Síria.
Nesta segunda-feira, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou ao Exército que criasse uma zona de segurança livre de armas pesadas no sul da Síria, além da zona desmilitarizada entre os dois países, de acordo com um comunicado de seu gabinete.
Para isso, Katz pediu às tropas que garantam o controle total da zona desmilitarizada, nas Colinas de Golã, onde o Exército foi destacado ainda neste domingo (8), após a queda do regime sírio e a tomada de Damasco por insurgentes islâmicos sírios.
Israel declarou que não tem intenção de interferir nos assuntos internos do país vizinho. Por isso, ordenou que os moradores de cinco cidades sírias localizadas na zona desmilitarizada permanecessem em suas casas, enquanto o chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi, adicionou a Síria à lista de frentes de combate abertas.
Já o ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, disse nesta segunda-feira que a presença de tropas na zona desmilitarizada é “limitada e temporária”, um passo necessário por razões de segurança dada a “confusão que reina na Síria” após a queda do ditador Assad.
Além das suas operações na zona desmilitarizada, Katz ordenou ao Exército israelense que destruísse armas estratégicas, tais como diferentes tipos de mísseis e foguetes e defesas antiaéreas, para que não caiam nas mãos de grupos que possam ser hostis a Israel.
O ministro também pediu às tropas para estabelecerem contato com as comunidades drusas na fronteira e impedirem o transporte de armas do Irã para o grupo xiita Hezbollah no Líbano.
Rebeldes anunciam toque de recolher
Os rebeldes que assumiram o controle de Damasco anunciaram, neste domingo, um toque de recolher de 13 horas na capital da Síria.
“O Comando de Operações Militares anuncia o toque de recolher na cidade de Damasco das 4 da tarde às 5 da manhã”, segundo um breve comunicado, que não detalhou quando entrará em vigor ou até quando durará.
Esta é uma das primeiras medidas tomadas pelos rebeldes na capital, depois de terem pedido respeito à propriedade pública e privada, bem como não disparar.
O anúncio surgiu após o Ministério das Relações Exteriores russo – aliado de Damasco – ter anunciado que o ditador sírio deixou o país árabe após manter negociações com os grupos rebeldes que tomaram Damasco.