O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) exonerou Celso Gonçalves Barbosa do cargo de secretário municipal de Mobilidade e Trânsito. A exoneração ocorreu nesta quarta-feira (6) e foi publicada na edição desta quinta (7) do Diário Oficial do Município.
Hugo Koga assume a função, em nomeação oficializada por Vitor de Almeida Sampaio, chefe de Gabinete do prefeito. Ele era o secretário adjunto da pasta desde 2019.
A troca faz parte da transição para a nova gestão Nunes, que inicia em 1º de janeiro de 2025. O novo secretário participará de uma das decisões mais importantes que é o valor da nova tarifa de ônibus.
A perspectiva de aumento do valor da tarifa do sistema de ônibus municipal em São Paulo a partir de janeiro, após congelamento do preço por quase cinco anos, faz especialistas em transporte alertarem para o risco de que o número de passageiros mantenha-se abaixo do patamar pré-pandêmico. O consenso é que, sem investimento para aumentar a qualidade do serviço, o volume de usuários ficará abaixo do ideal e pode haver até fuga de passageiros.
Esse diagnóstico é compartilhado até por quem vê o aumento da tarifa como o caminho mais lógico, devido à defasagem do preço. Desde janeiro de 2020, data do último reajuste, a inflação foi de 52% pelo IGPM (Índice Geral de Preços-Mercado), calculado pela Fundação Getulio Vargas.
Uma correção por esse índice levaria o preço do bilhete para R$ 6,69. Nenhum especialista considera factível que a gestão do prefeito reeleito aumente a tarifa, hoje em R$ 4,40, até esse patamar. A diferença é arcada pelo subsídio pago pela prefeitura às empresas.
Segundo dados da SPTrans, hoje o número de viagens de passageiros no sistema municipal não chega a 7,5 milhões em dias úteis. Em março de 2020, antes das medidas de distanciamento social terem início, eram 9 milhões de viagens de passageiros por dia. Esse número já vinha caindo antes mesmo da crise sanitária.
Questionado sobre a tarifa durante a primeira semana após sua reeleição, Nunes não descartou o reajuste e disse que o assunto será estudado até o fim de dezembro. “O meu desejo é manter a tarifa, mas eu preciso manter o equilíbrio fiscal e não tirar da saúde, da educação”, disse.
No início deste ano, Nunes decidiu manter o valor do bilhete de ônibus em R$ 4,40, enquanto o governador Tarcísio de Freitas elevou a tarifa no metrô, trens e ônibus intermunicipais para R$ 5. Foi a primeira vez em 11 anos que o sistema municipal ficou com preço diferente dos serviços estaduais.
O Ministério Público instaurou inquérito para apurar se houve atos de improbidade administrativa na gestão Nunes na obra de construção de um túnel na Vila Mariana (zona sul de São Paulo) que interligará as vias Sena Madureira e Ricardo Jafet.
No documento assinado em 29 de outubro, o promotor Silvio Antonio Marques concede prazo de dez dias para que as secretarias de Infraestrutura Urbana e Obras e de Mobilidade e Trânsito prestem esclarecimentos, sob pena de instauração de inquérito policial.
A pasta de Infraestrutura Urbana e Obras é chefiada pelo secretário Marcos Monteiro, enquanto a de Mobilidade e Trânsito era conduzida por Celso Gonçalves Barbosa.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que a Procuradoria-Geral do Município não foi notificada sobre a abertura do inquérito. Afirmou, ainda, que “a obra do túnel Sena Madureira beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente”.
O promotor também pede que a empresa contratada Álya Construtora —antiga Queiroz Galvão— preste esclarecimentos sobre os contratos.
Procurada pela reportagem, a empresa não quis se manifestar.
Segundo Marques, a CGM (Controladoria Geral do Município) afirma que houve conluio entre empresas, com prévio ajuste de preços, para favorecer a vitória da Queiroz Galvão à época. O promotor pede que seja esclarecido como a empresa foi contratada uma vez que ela já havia sido condenada pela CGM. Marques pede, ainda, dados que justificaram os aditivos no contrato.
A obra foi contratada em 2011, sob a gestão de Gilberto Kassab (PSD), mas até hoje não foi entregue.
A gestão Nunes retomou o contrato e a construção do túnel no começo deste ano. Segundo a prefeitura, dar continuidade ao contrato sai mais barato do que fazer outra licitação. O custo do túnel, hoje, é de quase R$ 520 milhões —o valor original da obra era de R$ 218 milhões. A gestão Nunes estimou que, com uma nova licitação, custaria mais de R$ 600 milhões.
Para fazer a ligação entre a rua Sena Madureira e a avenida Ricardo Jafet, serão construídos dois túneis que, juntos, somam 1,6 km de extensão.