Num movimento de “quiet beauty”, algo como beleza silenciosa ao pé da letra, procedimentos com resultados menos artificias ganham espaço e preferência dos pacientes da medicina estética. E uma das intervenções atuais mais populares no sentido é o bioestímulo de colágeno —que promove a produção da proteína na pele, ocasionando maior elasticidade e preenchimento cutâneo com aspecto natural.
Os efeitos, no entanto, não são imediatos e podem levar a partir de três semanas para aparecerem. Apesar da demora do resultado, uma pesquisa publicada na Journal of Cosmetic Dermatology mostrou que o efeito do procedimento costuma ser prolongado e visível mesmo após 150 dias da aplicação.
Autora da pesquisa, a médica dermatologista Bruna Bravo diz que o principal objetivo do estudo era entender a segurança e a satisfação de 52 pacientes que foram tratados com o bioestimulador de colágeno a base de PLLA (ácido poli-L-láctico) da Rennova, comercialmente chamado de Elleva —o levantamento foi patrocinado pela marca e apresentado no Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, em Salvador, em abril.
As mulheres com idade média de 49 anos foram acompanhadas por 150 dias e mesmo após o tratamento apresentaram satisfação com os resultados o que, segundo a pesquisa, mostrou que o produto é estável, seguro e bem tolerado.
Foram selecionadas pacientes com flacidez facial de leve a moderada e sem histórico recente de outros procedimentos estéticos ou condições de saúde que pudessem interferir no tratamento. A concentração do medicamento utilizada foi de 15 mg/ml na região do terço médio da face, abaixo dos olhos e na região dos músculos da mastigação.
“O procedimento oferece resultados naturais a longo prazo, que é a regeneração da pele. É um cuidado que vai acontecendo para que a pele não perca a produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico ao longo do tempo”, explica Bravo.
A idade ideal para o tratamento, segundo a especialista, é entre os 30 e 40 anos, mas isso não impede que pacientes mais velhos realizem o procedimento. O que pode acontecer, nos casos mais avançados (como aqueles que envolvem perda óssea e de volumetria), é precisar de uma associação com técnicas como preenchimentos para um melhor resultado.
De acordo com a autora do estudo, o Brasil está na vanguarda da cosmiatria dermatológica —que envolve procedimentos como o bioestímulo de colágeno— e consegue entregar bons resultados sem necessidade de frequência de aplicações. “Antes falávamos de tratamentos mensais, mas hoje o protocolo já não é mais esse”, completa.
Injetáveis, eles são biocompatíveis com o corpo e além de atuarem na produção natural do colágeno, também conseguem aumentar a quantidade de ácido hialurônico da matriz exocelular —que une as células.
“Então não é um procedimento instantâneo, o paciente geralmente só vê alguma alteração a partir do primeiro mês”, explica Daniel Coimbra, coordenador do Departamento de Cosmiatria da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
A maioria das reações relatas pelos participantes do estudo foi, respectivamente, dor (77%), hematoma (55,6%), inchaço (38,9%), vermelhidão (22,2%), endurecimento (19,4%), descoloração da pele (19,4%) e formação de caroços (8,3%) na região da aplicação. Todas as queixas foram consideradas leves e temporárias e pacientes mais velhas apresentaram uma tendência maior do relato de dor moderada após o procedimento.
De acordo com a dermatologista especialista em cosmiatria Renata Primavera, a formulação de nódulos tardios, apesar de raro, é um outro efeito colateral que pode aparecer após o tratamento com bioestimulador de colágeno.
“Esse quadro é raro e geralmente é causado por alguma doença imunológica, por isso é necessária uma boa anamnese do paciente antes da aplicação”, completa Primavera.
Gestantes, pessoas que estão passando por algum processo inflamatório como pós-vacina, portadores de doenças autoimune, como lúpus, ou que estão com condições como rinite, sinusite e bronquite atacadas, não são indicados a realizarem o tratamento com bioestímulo de colágeno.
Para além do rosto, hoje o procedimento é utilizado ainda em outras regiões do corpo para o tratamento da flacidez como, por exemplo, do glúteo e pós-gestacional. “Conseguimos tratar várias áreas do rosto e corpo com uma técnica que prove o aumento da firmeza, da qualidade e da aderência da pele”, diz Coimbra.
No entanto, em outras áreas o procedimento tende a ser mais custoso porque demanda uma maior quantidade de produto e frequência na aplicação. Tanto para o rosto, quanto para o corpo, a manutenção acontece, em média, anualmente, a depender da resposta do organismo e do tipo de bioestimulador utilizado.
No mercado brasileiro, além do PLLA, outro bioestimulador comumente usado nos tratamentos estéticos é à base de hidroxiapatita de cálcio. De acordo com os especialistas, a principal diferença dos dois é a indicação: o primeiro age de forma mais difusa, enquanto o segundo tende a ser mais localizado. Quem define o produto ideal, no entanto, é sempre o dermatologista responsável pela aplicação.
A jornalista viajou a Salvador a convite da Rennova