O Reino Unido implementará a inteligência artificial (IA) em seus serviços públicos para torná-los “mais humanos”, anunciou nesta segunda-feira (13) o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que busca impulsionar essa tecnologia no país para transformá-la em uma “superpotência mundial” no setor.
“Essa é a ironia da IA, que tornará os serviços públicos mais humanos”, afirmou Starmer no lançamento do Plano de Ação de IA do país, que tem como objetivo acelerar os serviços públicos e servir de impulso para a economia.
O plano inclui 50 recomendações elaboradas por uma equipe liderada por Matt Clifford, empresário do setor de tecnologia e presidente da Agência de Pesquisa e Invenção Avançadas (Aria), na forma de um roteiro para o desenvolvimento eficaz dessa tecnologia.
O governo do Reino Unido quer tornar o país “irresistível” para as empresas de IA que desejam iniciar, expandir ou aumentar seus negócios, recebendo, segundo estimativas, 14 bilhões de libras em investimentos de grandes empresas de tecnologia que se traduzirão em 13.250 empregos.
Ele questionou se o Reino Unido quer ser um “criador ou tomador de IA”, já que “os investidores, empreendedores e pesquisadores que farão essas descobertas estão procurando lugares no mundo todo para se estabelecerem”.
O governo britânico criará “zonas de crescimento de IA”, construindo centros de dados em todo o país, para os quais as “permissões de planejamento” serão aceleradas, prometeu Starmer a representantes de empresas de tecnologia no campus da Universidade Global de Londres.
O primeiro desses centros será localizado em Culham, em Oxfordshire, no sul da Inglaterra, sede da Autoridade de Energia Atômica, e ele afirmou que essas infraestruturas serão instaladas nas regiões mais desindustrializadas do país e prometeu acelerar as conexões com a rede elétrica para as empresas de IA que se instalarem no Reino Unido.
Com relação aos riscos envolvidos no uso da IA, o primeiro-ministro elogiou a decisão do governo conservador anterior de criar o Instituto de Segurança de Inteligência Artificial, a primeira instituição do mundo a garantir a proteção dessa tecnologia.
Ele também anunciou a criação de um supercomputador com poder de IA suficiente para “jogar xadrez meio milhão de vezes por segundo”, o que aumentará a capacidade de computação em 20 vezes até 2030 e impulsionará a criação desses produtos.
Nos serviços públicos do dia a dia, o governo do Reino Unido buscará a IA para “economizar centenas de milhares de horas perdidas devido ao não comparecimento a consultas, pois ela pode identificar as pessoas na lista com maior probabilidade de não comparecerem e ajudá-las a obter o apoio de que precisam, talvez trocando-as por uma consulta mais conveniente”, explicou.
Segundo o premiê trabalhista, a IA pode identificar problemas mais rapidamente, acelerar o planejamento, reduzir o preenchimento de formulários nos centros de emprego, ajudar na luta contra a evasão fiscal e reduzir quase pela metade o tempo que os assistentes sociais gastam com a papelada.
O governo do Reino Unido também criará uma equipe para manter o país na vanguarda da tecnologia, incluindo o ganhador do Prêmio Nobel de Química Demis Hassabis, um dos principais defensores da regulamentação da IA no mundo.