O paraguaio Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) que nesta segunda-feira (17), pouco após criticar atos racistas, disse que a Libertadores sem o Brasil seria como “Tarzan sem Chita”, passou pelo menos metade de seus 53 anos em cargos de chefia no esporte.
Ele é filho de um dos principais nomes da liderança do futebol no Paraguai, Osvaldo Domínguez Dibb (ou “ODD”, como era conhecido), morto no ano passado aos 83 anos após uma carreira de décadas à frente do Olimpia, quando fez o clube se tornar internacionalmente conhecido. A família tem origem síria.
Na esteira do pai, os primeiros cargos que ocupou foram no Olimpia, onde foi membro da direção, presidente interino e vice. Por sete anos, Domínguez também foi vice-presidente da Associação Paraguaia do Futebol, da qual anos depois, de 2014 a 2016, foi presidente. Ele chegou à chefia da Conmebol em 2016 e ocupa o cargo há nove anos.
A parte pouco conhecida de sua carreira é o fato de que Domínguez também foi um empresário importante do setor de comunicação. Por mais de 17 anos, ele presidiu o Grupo Nación de Comunicações, ou o Nación Media, um importante conglomerado paraguaio que engloba jornais, rádios e canais de TV, entre eles o jornal La Nación e o Crónica.
Ele também teve cargos de direção na SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), na qual foi vice-presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa entre 2007 e 2008.
Domínguez estudou economia na Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, e fez mestrado na Universidade Católica de Assunção. Em um perfil oficial numa rede social, descreve-se como alguém que vem de uma “família de trabalho e de empreendedores e que tenta transmitir esses valores em todas as atividades, laborais ou não”.
“Desde jovem senti a necessidade de assumir posições de liderança, que sempre exerci com responsabilidade e trabalho em equipe. Aposto na inovação e na criatividade para enfrentar e solucionar desafios.”
Ele foi inicialmente eleito para a presidência da Conmebol em janeiro de 2016. Em abril de 2022, foi reeleito, com mandato vigente até 2027. Foi durante a sua gestão que a final em partida única da Libertadores foi instituída, em 2019. Na ocasião, ele disse que a decisão havia sido tomada “após análise rigorosa de diversos estudos técnicos e com a intenção de alinhar o torneio aos padrões internacionais e aumentar sua competitividade”.
Com trajetória pessoal pouco conhecida fora do Paraguai, Alejandro Domínguez é próximo de outros nomes envolvidos no futebol na região, como o ex-presidente da Argentina Mauricio Macri, que dirigiu o Boca Juniors.
Agora seu nome fica em evidência apenas horas após um discurso em que criticou qualquer atitude racista e disse que “o racismo é um flagelo que não nasce no futebol, mas nas sociedades, mas que afeta o futebol, e a Conmebol é sensível a essa realidade”.
Ele se referia ao caso de racismo contra o atacante Luighi, do time sub-20 do Palmeiras, em jogo da Copa Libertadores de sua categoria contra o Cerro Porteño. A Conmebol tem sido alvo de críticas pelas punições comedidas ao crime, e Leila Pereira, presidente do Palmeiras, sugeriu que os clubes brasileiros deixem a Confederação Sul-Americana e se filiem à Confederação da América do Norte, Central e Caribe.
Foi quando após seu discurso na noite de segunda-feira, questionado por jornalistas, ele disse que uma edição da Copa Libertadores sem clubes do Brasil seria como “o Tarzan sem a Chita”.