Para ser considerada boa, uma praia precisa ter ficado própria para banho em todas as marcações do ano —sem nenhum dia classificada como imprópria. Na série histórica da Folha, que fez levantamentos anuais de 2016 a 2019 e de 2021 a 2024, somente 104 de 861 locais conseguiram esse status, o que equivale a 12% do total.
Não há medição referente a 2020, por conta de um apagão nos dados sobre balneabilidade em meio à pandemia da Covid-19.
Alguns dos municípios mais conhecidos do litoral brasileiro não conseguiram alcançar essa classificação. São os casos, por exemplo, de Maragogi (AL), São Miguel do Gostoso (RN) e Morro de São Paulo (BA).
No município alagoano, somente três dos 10 pontos analisados foram considerados bons em 2024: as praias de Barra Grande, Antunes e Burgalhau. Em anos anteriores, essas praias variaram entre o status de ‘boa’ e ‘regular’.
Coruripe, por outro lado, teve suas quatro praias ‘boas’ em toda a série histórica: Lagoa do Pau, Miai de Baixo, Miai de Cima e Pontal do Coruripe.
Em Morro de São Paulo, as 3ª e 4ª praias do balneário eram consideradas boas em 2016, mas neste ano elas foram respectivamente classificadas como ruim –imprópria em mais de 25% das medições– e péssima –imprópria em mais da metade dos testes realizados ao longo do ano.
Entre as 11 capitais que ficam no litoral do país, somente Florianópolis figura na lista, com três praias: Brava, da Solidão e Mole. As três têm distância de 25 km, 30 km e 15 km do centro da cidade, respectivamente.
O estado que mais teve praias consideradas boas em toda a série histórica foi o Rio Grande do Sul, com 24, seguido pelo Paraná, com 20, e São Paulo, com 14. Logo depois vem Santa Catarina, com 13, assim como o Rio de Janeiro. Fecham a lista a Paraíba, com 10; Alagoas, com oito; Rio Grande do Norte, com três; e Bahia, com uma.
Os dados são coletados pela Folha com governos estaduais e prefeituras.
De todos os 1.361 pontos do litoral brasileiro que disponibilizaram dados sobre balneabilidade neste ano, só 416 foram considerados bons o ano todo (30,6%). Outros 447 foram avaliados como ruins ou péssimos (32,8%), e 416, como regulares (30,6%). Há ainda 82 pontos sem medição (6%).
Isso significa que, neste ano, houve uma piora na qualidade das praias brasileiras, atingindo o menor patamar de trechos próprios para banho durante o ano inteiro desde 2016, conforme o levantamento da Folha. Há nove anos, 44% delas foram consideradas próprias o ano todo.
A metodologia segue as normais federais para o levantamento. Um trecho é considerado próprio se não tiver registrado mais de 1.000 coliformes fecais para cada 100 ml de água na semana de análise e nas quatro anteriores. Foram apurados dados das praias no período de 12 meses, entre novembro de 2023 e outubro de 2024.
Nadar em áreas impróprias pode causar problemas de saúde, sobretudo doenças gastrointestinais ou de pele, como micoses. Outros focos de contaminação, como a presença de lixo e óleo no mar, não são considerados na análise.
Colaboraram Marcelo Toledo, João Pedro Pitombo, José Matheus Santos, Carlos Villela e João Feza