O PT confirmou nesta segunda (12) que oferecerá um curso para a militância e lideranças do partido se aproximarem dos eleitores evangélicos, que atualmente têm uma grande rejeição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A formação já era discutida nos bastidores há algumas semanas e agora será efetivada.
O curso será ministrado pela Fundação Perseu Abramo, que é o braço de formação política do partido, e foi intitulado de “Fé e democracia para militância evangélica brasileira”. O programa prevê conteúdos como combate ao que o PT classifica como desinformação, engajamento em lutas sociais e diálogo entre fé cristã e democracia.
“Nosso objetivo é subsidiar o PT para melhorar a interlocução com a comunidade evangélica, que é parte integrante da classe trabalhadora. Ademais, há o fato de que a religião faz parte da realidade cultural do povo brasileiro. Daí a relevância e a influência desse público junto à sociedade”, disse Luís Sabanay, pastor presbiteriano e coordenador do Grupo de Estudos sobre religião da Fundação Perseu Abramo.
O mais recente levantamento de avaliação do governo do presidente Lula, divulgado no mês passado pelo Datafolha, mostra uma rejeição de 49% entre os eleitores evangélicos – apenas 19% o veem como ótimo ou bom. Os eleitores desta denominação religiosa formam grande parte da base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde o começo do atual mandato, Lula tem tentado estabelecer um diálogo com os evangélicos, mas sem bons resultados. A tentativa mais recente foi a campanha “Fé no Brasil”, slogan criando pelo ex-ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação (Secom) da presidência da República, no ano passado.
A próxima, além do curso para a militância, terá como alvo as iniciativas de empreendedorismo e prosperidade, comuns entre os eleitores evangélicos. A campanha, segundo informações de bastidores, está sendo preparada pelo ministro Sidônio Palmeira, que foi contratado no começo deste ano para substituir Pimenta na Secom e melhorar a avaliação de Lula.
“A proposta visa equipar militantes, lideranças e candidatos do campo democrático-popular com fundamentos sólidos para fortalecer o diálogo com o segmento evangélico, combater a desinformação e promover maior engajamento nas lutas sociais e eleitorais”, diz a descrição do curso, que tem início marcado para o dia 21.
Entre os palestrantes já confirmados no curso, diz a Fundação, estão Bernadete Adriana Alves de Lima, de São Paulo, ligada à Igreja Pentecostal Missão Filadélfia; Elenízia da Mata, da Igreja de Cristo de Goiás; o pastor Oliver Goiano, do Rio de Janeiro; e Nilza Valéria, de São Paulo, que coordena a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.
Ainda segundo a entidade, os encontros ocorrerão semanalmente e terão palestrantes “das mais variadas denominações cristãs e de diferentes regiões do Brasil”. A coordenação política do curso será da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e do presidente da entidade, Paulo Okamotto.
Okamotto chegou a ser investigado pela Operação Lava Jato pela suspeita de lavagem de dinheiro no pagamento de despesas de armazenamento do acervo presidencial de Lula após deixar a presidência em 2010. Ele, o entanto, foi absolvido das acusações.