Astrônomos avistaram um planeta recém-nascido que levou 3 milhões de anos para se formar —o que é bastante rápido em termos cósmicos— orbitando uma estrela jovem. A descoberta desafia a compreensão atual da velocidade de formação planetária.
Esse novo mundo, com tamanho estimado em cerca de 10 a 20 vezes a massa da Terra, é um dos planetas mais jovens além do nosso Sistema Solar já descobertos. Ele reside ao lado dos restos do disco de gás denso e poeira que circula a estrela hospedeira —disco protoplanetário— que forneceu os ingredientes para esse explaneta se formar.
A estrela que ele orbita deve se tornar um tipo estelar chamado anã laranja, menos quente e menos massiva que o nosso Sol. A massa da estrela é aproximadamente 70% da do Sol e é cerca de metade tão luminosa. Ela está localizada em nossa galáxia Via Láctea a cerca de 520 anos-luz da Terra —um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, 9,5 trilhões de quilômetros.
“Essa descoberta confirma que planetas podem estar em uma forma coesa dentro de 3 milhões de anos, o que antes não estava claro, já que a Terra levou de 10 a 20 milhões de anos para se formar”, disse Madyson Barber, estudante de pós-graduação no departamento de física e astronomia da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill e autora principal do estudo publicado na última quarta-feira (20) na revista Nature.
“Realmente não sabemos quanto tempo leva para os planetas se formarem”, acrescentou o astrofísico da UNC Andrew Mann, coautor do estudo. “Sabemos que planetas gigantes devem se formar mais rápido do que seu disco se dissipa porque eles precisam de muito gás do disco. Mas os discos levam de 5 a 10 milhões de anos para se dissipar. Então, os planetas se formam em 1 milhão de anos, 5 milhões, 10 milhões?”
O planeta, denominado Iras 04125+2902 b e Tidye-1b, orbita sua estrela a cada 8,8 dias a uma distância que equivale a um quinto da que separa Mercúrio do Sol. Sua massa está entre a da Terra, o maior dos planetas rochosos do nosso Sistema Solar, e Netuno, o menor dos planetas gasosos. Ele é menos denso que a Terra e tem um diâmetro cerca de 11 vezes maior. Sua composição química não é conhecida.
Os pesquisadores suspeitam que o planeta se formou mais longe de sua estrela e depois migrou para dentro.
“Formar planetas grandes perto da estrela é difícil porque o disco protoplanetário se dissipa mais rapidamente a partir do ponto mais próximo da estrela, o que significa que não há material suficiente para formar um planeta grande tão perto tão rapidamente”, disse Barber.
Os pesquisadores o detectaram usando o que é chamado de método “trânsito”, observando uma queda no brilho da estrela hospedeira quando o planeta passa na frente dela, da perspectiva de um observador na Terra. Ele foi encontrado pelo telescópio espacial Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da Nasa.
“Esse é o planeta em trânsito mais jovem conhecido. Ele está no mesmo nível dos planetas mais jovens conhecidos”, afirmou Barber.
Estrelas e planetas se formam a partir de nuvens de gás e poeira interestelar.
“Para formar um sistema estelar-planeta, a nuvem de gás e poeira vai colapsar e girar em um ambiente plano, com a estrela no centro e o disco ao redor. Planetas se formarão nesse disco. O disco então se dissipará começando pela região interna próxima à estrela,” explicou Barber.
“Anteriormente, pensava-se que não seríamos capazes de encontrar um planeta em trânsito tão jovem porque o disco estaria no caminho. Mas por alguma razão da qual não temos certeza, o disco externo está distorcido, deixando uma janela perfeita para a estrela e nos permitindo detectar o trânsito,” acrescentou a pesquisadora.