Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras (BVMF:) vai limitar ao máximo de 50% sua participação em futuras parcerias no segmento de , em momento em que a petroleira estatal planeja retomar sua atuação no setor de olho em futuros mandatos maiores de mistura do biocombustível na gasolina.
O diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, reiterou ainda nesta quinta-feira que a estatal entrará inicialmente em projetos de grande porte já em operação no país, conforme havia sido indicado durante a divulgação do plano de investimentos, na semana passada.
A empresa já conversa com companhias do setor em busca de parcerias, mas qualquer anúncio deverá ficar para 2025, segundo ele.
“Estamos falando em nos associar com grandes produtores de etanol, que tenham um grande parque de usinas. A gente vai passar a ter uma participação nessas plantas e… vai fazer parte da expansão”, disse o executivo.
Ao comentar sobre a possibilidade de ficar com 50% de parcerias em etanol, Tolmasquim afirmou que “a ideia é ter um comando compartilhado”.
“Será uma empresa privada. Queremos participar da gestão, e participação relevante para ter relevância na gestão”, acrescentou.
A companhia anunciou que planeja investir cerca de 2,2 bilhões de dólares na indústria de etanol até 2029, marcando sua reentrada no segmento do biocombustível.
A nova estratégia vem em momento em que a empresa considera uma queda na demanda por gasolina no futuro, segundo Tolmasquim.
“Tem espaço para crescer o etanol no Brasil. Todos os nossos investimentos, não só do etanol, mas do biometano que a gente está entrando, SAF, biodiesel, estão muito ligados à legislação dos mandatos. Os mandatos criam mercado e oportunidade, e isso a gente leva em consideração para tomada de decisão”, disse o diretor a jornalistas, após evento no Rio de Janeiro.
Segundo ele, neste contexto, é “natural” que a demanda por gasolina possa “cair um pouco”.
O governo brasileiro sancionou em outubro a lei do projeto Combustível do Futuro, que visa criar e expandir indústrias verdes no país. Entre os principais pontos, a lei prevê que o novo percentual de mistura de etanol anidro na gasolina poderá variar entre 22% e 35%. Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, sendo, no mínimo, de 18% de etanol.
A produção de etanol do Brasil na safra 2024/25 deve somar 36,1 bilhões de litros, incluindo o combustível produzido a partir de cana-de-açúcar e , estimou nesta quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontando aumento de 1,3% ante a temporada passada.
Esse crescimento vai se dar pelo salto na fabricação de etanol de milho, já que a safra de cana será menor do que o previsto, por conta do tempo quente e seco anteriormente, afirmou a Conab.
Tolmasquim disse que a Petrobras está conversando com grupos de etanol de cana e de milho. “Estamos olhando nas duas vias. Milho tem grande potencial de crescimento no país e há uma série de sinergias”, completou.
O projeto em etanol e outros biocombustíveis integra as iniciativas de baixo carbono da companhia, que deve ter investimento de 16,3 bilhões de dólares até 2029.
No plano todo, incluindo exploração e produção de , são previstos 111 bilhões de dólares em investimentos.
(Por Rodrigo Viga Gaier; texto de Roberto Samora)