O Parlamento do Líbano elegeu nesta quinta-feira (9) o atual chefe do Exército, Joseph Aoun, como presidente do país, cuja nomeação exigirá uma emenda constitucional e porá fim a mais de dois anos de um vácuo na chefia do Estado devido a desentendimentos entre os divididos blocos políticos.
“A presidência do Parlamento anuncia Joseph Aoun como presidente”, declarou o chefe do Legislativo, Nabih Berri, após anunciar os resultados da votação, na qual o principal comandante militar do Líbano obteve o apoio de 99 dos 128 deputados da Câmara.
Quando a contagem ao vivo chegou a 85 votos para Aoun, a maioria de dois terços que lhe garantia a presidência, os presentes irromperam em aplausos, enquanto fogos de artifício, tiros no ar e sirenes de navios imediatamente começaram a ecoar por Beirute.
“Chegamos ao momento da verdade. Estamos em uma crise de governo, na qual devemos mudar a gestão política em relação à segurança e à proteção de nossas fronteiras”, disse Aoun em um discurso logo após tomar posse no Parlamento.
O novo presidente libanês reconheceu durante seu discurso que sua eleição ocorreu em meio a um “terremoto no Oriente Médio, que abalou coalizões e fez regimes caírem”.
Ao mesmo tempo em que um acordo foi alcançado com Israel para encerrar dois meses de uma campanha contra o grupo terrorista Hezbollah, no Líbano, e uma aliança insurgente conseguiu derrotar o regime de Bashar al Assad em uma ofensiva-relâmpago na vizinha Síria.
Neste contexto, o novo chefe de Estado prometeu trabalhar para garantir que os 1,5 milhão de refugiados sírios que vivem no Líbano regressem ao seu país, algo que as autoridades libanesas têm insistido durante anos, diante da falta de recursos para acolhê-los.
“Estou comprometido em promover o desenvolvimento de leis eleitorais com o próximo governo, trabalharei para aprovar o projeto de lei sobre descentralização administrativa ampliada e praticaremos uma política de neutralidade positiva”, disse o presidente recém-eleito.
O militar de 60 anos ingressou no Exército aos 19 anos como voluntário e subiu na hierarquia até ser nomeado em março de 2017 como o novo comandante-chefe das Forças Armadas libanesas, um mandato que o Parlamento estendeu por mais um ano no final de novembro passado.
O Líbano estava sem presidente desde que o mandato de Michel Aoun expirou em outubro de 2022, uma vez que os diferentes blocos políticos não conseguiram chegar a um acordo sobre um candidato consensual, fazendo com que mais de uma dúzia de eleições presidenciais fracassassem no Parlamento.
O Parlamento se reuniu esta manhã com este propósito pela primeira vez em um ano e meio, mas na primeira sessão Aoun ficou aquém de 85 votos, obtendo apenas 71, o que levou à convocação de uma segunda sessão.
Ambas as votações ocorreram em meio a uma intensa pressão internacional e nacional para que o Parlamento escolhesse um presidente antes que o acordo de cessar-fogo com Israel, que inicialmente deve durar 60 dias, expire no final deste mês.