Um grupo de países afetados por conflitos defende na COP29, a Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática em curso em Baku (Azerbaijão), a destinação do dobro da atual ajuda financeira para o combate a desastres naturais e a prevenção de crises de segurança à população. Em carta, essas nações pediram acesso a US$ 20 bilhões ao ano.
A coalizão dos países que enfrentam conflitos internos não é a única a demandar mais fundos para a adaptação e a mitigação de desastres provocados pelo aquecimento global. As nações ilhas, outro grupo, argumenta que a própria existência física está ameaçada pela elevação do nível do mar. Países detentores de florestas também requerem mais recursos para protegê-las.
A COP29 tem como prioridade chegar a um acordo sobre a elevação do valor do financiamento anual para os países em desenvolvimento. Atualmente, alcança US$ 100 bilhões ao ano, colhidos entre as economias mais ricas. O montante é considerado insuficiente para o cumprimento das metas climáticas.
Os países afetados por conflitos disseram na carta que o acesso a financiamento privado é difícil, além de impor riscos elevados. Os fundos das Nações Unidas, para eles, tornaram-se essenciais para atender a seus habitantes, muitos dos quais forçados a deixar seus locais de origem devido ao clima e a guerras.
Entretanto, receberam apenas US$ 8,4 bilhões, em conjunto, dos fundos climáticos em 2022, conforme recente análise publicada pela organização ODI Global. “Está evidente que os fundos climáticos não estão dando o apoio às pessoas mais vulneráveis ao clima do mundo”, disse Mauricio Vazquez, chefe da área de políticas para riscos e resiliência globais da ODI Global.
Rede do clima
Em resposta, a presidência azeri da COP29 anunciou a criação da Rede do Clima-Países Vulneráveis, com um escopo mais amplo. Burundi, Chade, Iraque, Serra Leoa, Somália, Timor Leste e Iêmen já aderiram à iniciativa. Os 20 países do G7+, grupo das nações consideradas mais frágeis do planeta, foram convidados.
A nova rede será uma entidade em defesa das demandas dos países afetados pelos conflitos e os mais frágeis diante de instituições de financiamento climático. Terá ainda as missões de construir capacidades nessas nações para a absorção de mais recursos e de criar plataformas nas quais investidores poderão avaliar mais facilmente os impactos dos projetos, informou a organização ODI Global, que colaborou na criação da rede.
“Minha esperança é de que essa iniciativa crie uma plataforma real para os países em maior necessidade”, afirmou Abdullahi Khalif, negociador-chefe da Somália, em Baku.
A iniciativa, na verdade, partira de carta do G7+ às Nações Unidas, ao Banco Mundial, ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e à presidência azeri da COP29. O grupo pediu um compromisso explícito no acordo final sobre financiamento climático sobre a ajuda de pelo menos US$ 20 bilhões por ano para seus países adotarem medidas de adaptação.