O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou nesta segunda-feira (2) o que chamou de “choque de civilidade” para seu novo mandato, a partir do ano que vem, durante evento de instalação do gabinete de transição do próprio governo.
A marca substitui o chamado “choque de ordem” de seu primeiro mandato (2009-2012) e vai mirar o uso e cuidado do espaço público por cidadãos e empresas.
“Não tem a ver com choque de ordem. A ordem é sempre necessária. Respeito às leis é sempre necessário, mas a cidade do Rio de Janeiro, em minha opinião, precisa avançar nesse choque de civilidade, que é uma expressão que abrange muito mais do que só ordem pública. Tem a ver com a atitude dos cidadãos em relação à sua cidade”, disse ele.
“O choque de ordem, ele pressupõe uma ação muito do Estado exercendo o seu monopólio da força de imposição das leis em direção ao cidadão. Ele é necessário, fundamental, estabelecer lei, ordem, the rule of law, usando aqui uma expressão em inglês. Mas a civilidade tem a ver com a atitude também das pessoas.”
Na entrevista coletiva, ele citou o exemplo das caixas de som nas praias e o desrespeito às regras de trânsito estimuladas, segundo o prefeito, pelos aplicativos de entregas.
“Essa loucura que a gente vê diariamente pela cidade de motociclistas para fazer suas entregas nas calçadas, usando as calçadas da cidade para entrar na contramão. Isso não é civilização”, afirmou ele.
“Nós vamos nos comunicar com os iFoods da vida, para que a gente possa monitorar esses empregadores, a partir do acompanhamento do GPS que esses iFoods da vida se utilizam, e vamos punir quem andar na contramão. Se o iFood da vida diz que o sujeito tem 5 minutos para chegar e respeitando as regras de trânsito que diz o Waze ele precisa de 10 minutos para chegar, nós vamos privilegiar a regra da cidade, a regra de trânsito, ao tempo.”
As caixas de som nas praias são proibidas por decreto desde 2022. O texto determina a aplicação de multa de R$ 500 e a apreensão do aparelho em caso de desrespeito às novas normas. Paes citou a prática como um exemplo de incivilidade.
“Civilidade tem a ver com a gente ser menos, o carioca ser menos egoísta na utilização, por exemplo, do espaço público das praias. Isso tem a ver com o tal da caixa de som não ser tão alta nas praias no verão para que a gente não seja obrigado a ouvir o gosto musical do outro.
O gabinete de transição é uma novidade em relação à primeira reeleição de Paes, em 2012. Iniciando seu quarto mandato, o prefeito disse que o objetivo é buscar um “esforço permanente para se renovar”.
“Estamos iniciando um novo governo e esse processo de transição que nós iniciamos hoje é um processo de transição que vai buscar definir claramente quais são, por óbvio, aquelas políticas que devem ser continuadas e que avanços a cidade do Rio de Janeiro deve ter a partir da nossa administração no próximo mandato. […] Óbvio que nós estamos aqui com pessoas que fazem parte da administração, mas nós vamos buscar fazer uma leitura o mais externa possível daquilo que é a nossa administração para que a gente possa nos provocar”, disse ele
A coordenação dos trabalhos da transição ficará a cargo do deputado Eduardo Cavaliere (PSD), vice-prefeito eleito na chapa de Paes. Ele foi nos últimos dois anos secretário da Casa Civil e concentrou a cobrança pelo cumprimento de metas na segunda metade desta gestão.
O deputado Pedro Paulo, presidente do PSD-RJ, vai liderar as conversas com os partidos que apoiaram a reeleição de Paes para definir os indicados para compor o governo.
O primeiro novo secretário anunciado por Paes é de sua cota pessoal. Leandro Matieli, ex-chefe de gabinete do prefeito, vai assumir a Casa Civil.