Nesta quarta-feira (18), parlamentares da oposição participaram de uma coletiva de imprensa para fazer um balanço dos principais acontecimentos políticos de 2024.
Em vários discursos, os parlamentares destacaram os números negativos da economia e criticaram a atuação conjunta do presidente Lula (PT) e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contra adversários.
O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) lembrou que muitos dos colegas presentes na coletiva são alvos de inquéritos no STF por fazer uso da liberdade de expressão.
“Muitos aqui são alvos [do STF]. Por roubar? Por desviar emenda? Por cometer crimes terríveis? Por fazer parte do PCC? Não! São alvos por falar. Como nós chegamos nesse nível de coisas. E muitos ainda agem como se tudo estivesse normal. O princípio fundamental de uma democracia que é a voz do parlamentar não existe mais no Brasil. A liberdade de expressão já não existe mais”, disse Gayer.
“Chegamos a um nível de tamanha insanidade que um ministro do Supremo, dando um voto para instaurar a censura no Brasil, disse que liberdade de expressão é a mesma coisa que jogar alguém de uma ponte, que liberdade de expressão é a mesma coisa de um homem bater em uma mulher […] Pelo amor de Deus, como não ficar indignado com tamanha barbaridade”, completou.
A fala do parlamentar faz referência a uma declaração dada pelo ministro do STF, Dias Toffoli, durante uma discussão no âmbito do julgamento sobre o Marco Civil da Internet, no início do mês.
Na ocasião, para justificar medidas de restrição contra redes sociais, Toffoli chegou ao ponto de afirmar que violência doméstica e violência policial eram manifestações de “expressão” do marido agressor e do policial que joga um homem de uma ponte, em referência ao caso ocorrido em São Paulo.
“O foco dessa coletiva era falar da Presidência, mas a Presidência é Lula ou é Alexandre de Moraes? Porque a maioria das decisões que empataram diretamente as nossas vidas veio de uma pessoa que não recebeu votos […] Mas, essa é a democracia que a gente tem que respeitar?”, continuou Gayer.
“Vejo colegas sendo alvos de inquérito por pedir transparência, por denunciar crimes de funcionários públicos, por chamar o Lula de ‘ladrão’. Agora, esse regime Lula-STF está roubando o nosso futuro, está roubando o futuro dos nossos filhos”, concluiu o deputado.
Fortalecimento da oposição
Ao fazer uso da palavra, o deputado Zucco (PL-RS) citou as implicações negativas da inflação, da reforma tributária, dos escândalos envolvendo ministros de Estado e do aumento dos gastos do governo.
O deputado destacou que o objetivo da oposição para 2025 será “fortalecer ainda mais os valores de Deus, Pátria, família e liberdade”.
“Em 2024, mostramos que a maioria dos brasileiros é conservadora. O sistema tem que entender que a maioria dos brasileiros vota com a gente. Quando se fala que supremo é o povo, é porque é o povo que vai escolher cada representante e isso nos motiva para em 2025 fortalecer [a oposição] nos estados” disse Zucco.
Perseguição a parlamentares
Seguindo o mesmo raciocínio de Zucco, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) disse que quando o STF persegue um parlamentar, está também perseguindo o povo que o elegeu.
“Temos um regime petista implacável que se utiliza de diversos meios para nos suprimir. Mas, a história não se resume apenas por batalhas, ganhas ou perdidas, a história se resume por aqueles que persistem”, disse Nikolas.
Partido Liberal
O senador e líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), disse que o Partido Liberal representa “com nitidez a direita conservadora do país”.
“Isso é importante ser dito porque raramente vimos na imprensa o que de fato ocorreu nas eleições de 2024. O PL era o 14º partido em número de legenda para vereadores. Em 2024, depois da chegada do presidente Bolsonaro, o PL virou o primeiro partido em voto de legenda para vereadores”, destacou o senador.
Ao falar sobre a atuação do judiciário, Marinho disse que “nós estamos vendo um desmoronamento das ações constitucionais que estão sendo relativizadas a começar pela liberdade de expressão”.
Anistia para réus do 8/1
O deputado Mario Frias (PL-SP) destacou os excessos cometidos nas condenações de manifestantes que estavam presentes nos atos do 8 de janeiro.
“Queremos que cada pessoa responda por aquilo que de fato cometeu e não que sejam julgadas a toque de caixa, como vimos outro dia em uma manifestação de um representante do judiciário”, disse o deputado.
Eleição nos EUA
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ressaltou a possível influência da eleição presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos sobre o futuro do Brasil.
“Não foi o presidente Bolsonaro que colocou os EUA no meio disso tudo, foi a própria Polícia Federal, que disse que o presidente havia falsificado o cartão de vacina para entrar nos EUA e que falsificaram uma entrada do ex-assessor Filipe Martins (que passou 6 meses preso injustamente)”, destacou o deputado.
Abuso de autoridade
O deputado Evair Vieira Melo (PP-ES) começou sua fala lamentando a notícia de que a ex-presidente afastada, Dilma Rousseff, estaria sendo preparada como “plano B” no caso da necessidade de substituição de Lula em 2026.
Em seguida, o parlamentar reclamou do abuso de autoridade de ministros do STF.
“A atuação dessa instituição, que deveria se limitar à interpretação das leis, muitas vezes tem sido vista como uma interferência direta no equilíbrio entre os Poderes. Essa judicialização excessiva de decisões políticas não apenas desestabiliza, mas também cria um ambiente de desconfiança generalizada com impacto, inclusive como vemos agora, na economia”, disse Vieira.
Economia
A deputada Bia Kicis (PL-DF) disse que o “desmonte da economia brasileiro não é fruto de incompetência”, mas é proposital para concretizar um “projeto de poder”.
“O Brasil precisa sangrar até derreter. Sabemos que a China está comprando terras, empresas e a maior mineradora do Brasil […] Paulo Guedes [ex-ministro da Economia] avisou que por um ou dois anos ainda poderiam haver resultados positivos, depois disso o Brasil vai se tornar uma Venezuela”, destacou a deputada.
O deputado Luiz Philippe de Orleans Bragança (PL-SP) disse que a reforma tributária é o “cerne da questão”.
“Controlando o fluxo do dinheiro, o fluxo de caixa de todo trabalhador e de todas as empresas – o que é um poder absolutamente inédito – serão eliminadas as rivalidades políticas que surgem nos estados e nos municípios porque eles não terão capacidade de exercer suas funções não sendo dotados de um sistema tributário local”, destacou.
“Além disso, essa reforma tem um impacto econômico tremendo”, completou.