Investing.com – As ações dos EUA devem continuar gerando retornos superiores a outros mercados globais em 2025, na avaliação de analistas do Barclays (BVMF:) (LON:). Essa liderança, entretanto, não ocorrerá sem riscos, como as decisões de do e as políticas propostas pelo futuro presidente Donald Trump.
Em 2024, Wall Street foi parcialmente beneficiada pela redução gradual das taxas de juros pelo Fed e outros bancos centrais globais, que citaram sinais de alívio nas pressões inflacionárias. Além disso, os lucros resilientes das empresas americanas reforçaram a confiança dos investidores e atraíram recursos para ações cíclicas e fundos de ações dos EUA.
O grupo de grandes empresas de tecnologia conhecido como “7 Magníficas” foi um dos principais responsáveis por dar impulso ao mercado, colocando as ações americanas “bem à frente do restante,” conforme destacaram os analistas liderados por Emmanuel Cau em nota aos clientes na última sexta-feira.
Entre esses gigantes, a Nvidia (BVMF:) (NASDAQ:) se destacou como a maior ganhadora global em capitalização de mercado em 2024. A alta demanda por seus chips focados em inteligência artificial em diversos setores aumentou seu valor de mercado em mais de US$2 trilhões, fechando o ano com US$3,28 trilhões – a segunda maior valorização entre empresas listadas mundialmente.
Embora a euforia de 2024 deva manter os EUA “na liderança em 2025,” os analistas alertam que a vantagem americana em relação aos mercados globais pode diminuir, enquanto os retornos tendem a se normalizar.
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Riscos para os mercados americanos
Os analistas identificaram “riscos consideráveis” para as ações dos EUA, incluindo a capacidade do Fed de manter os rendimentos dos títulos do Tesouro americano abaixo de 5%. Na semana passada, o rendimento da subiu para 4,641%, o maior nível desde maio.
Outro fator de incerteza é como Trump conduzirá seu segundo mandato. O presidente eleito prometeu implementar novas tarifas e realizar deportações em massa, o que gerou preocupações sobre uma possível retomada das pressões inflacionárias.
Além disso, os analistas destacaram que a concentração excessiva de investimentos e as elevadas valorizações de algumas ações americanas deixam “pouca margem para erro.” Nesse contexto, as ações europeias podem ganhar destaque em 2025.
Eles argumentaram que fatores como “valorações mais baixas, menor concentração de investimentos, um desvalorizado, além do potencial de reformas na Alemanha, paz na Ucrânia e novos estímulos na China, podem melhorar a relação risco-retorno na Europa e reduzir o prêmio de risco atual das ações europeias em relação às americanas.”
Para os estrategistas do banco de investimentos Jefferies, o mercado acionário dos EUA também enfrenta riscos cada vez maiores em 2025, devido a elementos conflitantes da agenda de políticas do presidente eleito Donald Trump, alta nos rendimentos dos títulos e dúvidas sobre a monetização da inteligência artificial (IA).
A combinação de desregulamentação agressiva e cortes de impostos com medidas inflacionárias, como tarifas e restrições à imigração, pode gerar volatilidade. Além disso, as altas valorizações das ações podem ser desafiadas à medida que os rendimentos dos títulos aumentam.
“Há uma contradição fundamental entre a esperança de um boom de produtividade desinflacionário, impulsionado pela IA e desregulamentação, que o mercado tem comemorado desde a eleição, e a ameaça de tarifas e restrições à imigração,” destacaram os estrategistas em nota.
O mercado de ações dos EUA encerrou 2024 em meio a um “frenesi otimista,” apoiado pelo entusiasmo em torno da desregulamentação e dos ganhos de produtividade gerados pela IA.
Ao final do ano, o índice preço/vendas do S&P 500 subiu para 3,15x, próximo a máximas históricas, enquanto as ações dos EUA representavam 66,6% do MSCI All Country World Index. No entanto, o Jefferies adverte que, “em algum momento, o mercado não poderá ignorar a alta nos rendimentos dos títulos,” embora tenha conseguido fazê-lo até agora.
Desafios fiscais e taxas das treasuries
Os títulos do Tesouro permanecem em um mercado estrutural de baixa, com o rendimento da Treasury de 10 anos registrando perdas em três dos últimos quatro anos. Os estrategistas alertam sobre o risco de refinanciamento, já que 55% da dívida do Tesouro dos EUA vence até 2027. Em 2024, os pagamentos de juros líquidos e os gastos com benefícios representaram 95% das receitas do governo.
Outro fator que adiciona incerteza é a nomeação de Elon Musk como co-líder do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Musk, junto com Vivek Ramaswamy, tem a missão de cortar US$2 trilhões do orçamento federal até 2026.
O Jefferies adverte que, caso essa iniciativa avance, o impacto econômico pode ser severo. Se Musk realmente reduzir US$2 trilhões do orçamento, “provavelmente haveria um forte rali nos títulos do Tesouro e no dólar americano,” observaram os estrategistas.
“Mas isso também geraria um forte choque deflacionário para a economia real, o que, num primeiro momento, seria certamente negativo para as ações,” acrescentaram.
Esse possível impacto negativo pode levar Trump a reconsiderar tais medidas, dado seu histórico de avaliar o sucesso de suas políticas pelo desempenho do mercado acionário durante seu primeiro mandato.
Dúvidas sobre monetização da IA
Outro ponto crítico para o desempenho do mercado acionário em 2025 é a monetização da IA. Embora os gastos de capital dos provedores de infraestrutura tecnológica (“hyperscalers”) sejam projetados para atingir US$222 bilhões anuais até o final de 2024, o Jefferies questiona se esses investimentos se traduzirão em lucros sustentáveis.
Os estrategistas também destacam que o esperado impulso da IA para dispositivos de consumo, como smartphones e PCs, ainda não se concretizou, frustrando as expectativas de um ciclo de atualizações.
Com isso, a narrativa em torno da IA agora depende de potenciais ganhos de produtividade para as empresas. Contudo, os benefícios tangíveis desses investimentos ainda são incertos.