Um grupo de cientistas buscava o misterioso nono planeta. Mas, em vez disso, a equipe diz acreditar ter descoberto um novo planeta-anão do Sistema Solar.
Há 20 anos, os astrônomos especulam sobre a possibilidade de existir um nono planeta, com uma massa até dez vezes superior à da Terra, que teria escapado de todas as observações.
As suspeitas decorrem da trajetória orbital peculiar das rochas geladas no cinturão de Kuiper, que poderia ser explicada pela atração gravitacional de um grande corpo celeste.
Em busca desse mundo misterioso, cuja existência é objeto de debate científico, um trio de astrônomos americanos afirma ter descoberto um novo candidato ao título de planeta-anão.
Batizado de 2017 OF201, esse objeto mede cerca de 700 quilômetros de diâmetro, de acordo com um estudo preliminar publicado no último dia 21. O trabalho ainda não foi avaliado por outros cientistas.
Ele é três vezes menor que Plutão, mas grande o suficiente para se enquadrar na categoria de planeta-anão, disse à AFP o principal autor do estudo, Sihao Cheng, do Instituto de Estudos Avançados de Nova Jersey, nos Estados Unidos.
Esse corpo celeste está atualmente três vezes mais distante da Terra do que Netuno. Mas sua órbita extremamente alongada o leva 1.600 vezes mais longe do que a distância entre o nosso planeta e o Sol, até a nuvem de Oort na borda do Sistema Solar.
Durante essa jornada de 25 mil anos, o objeto só pode ser observado da Terra durante 0,5% do tempo, o que equivale a um século.
Cinco planetas-anões
Na avaliação de Cheng, essa descoberta sugere que pode haver várias centenas de objetos semelhantes em órbitas semelhantes no cinturão de Kuiper.
Os pesquisadores agora estão pedindo tempo para alinhar os telescópios James Webb, Hubble e Alma com sua nova descoberta.
O astrônomo amador californiano Sam Deen, 23, já havia conseguido rastrear o possível planeta-anão em bancos de dados antigos. “O OF201 é, na minha opinião, provavelmente uma das descobertas mais interessantes do Sistema Solar externo em uma década”, disse ele à AFP.
Nosso Sistema Solar tem atualmente cinco planetas-anões. Entre eles, o mais conhecido é Plutão, descoberto em 1930 e considerado por muito tempo o nono planeta. Entretanto, em 2006, ele teve seu status rebaixado, sobretudo por causa de seu tamanho —é menor do que a Lua.
Quando os pesquisadores modelaram a órbita do 2017 OF201, descobriram que ele não seguia a mesma tendência de reagrupamento de objetos semelhantes no cinturão de Kuiper. Isso pode enfraquecer a hipótese de um nono planeta que atrai essas rochas. Cheng diz que são necessários mais dados para comprovar isso.
A nova descoberta e outras semelhantes significam que “o argumento inicial para a existência de um nono planeta está ficando cada vez mais fraco”, diz Samantha Lawler, pesquisadora da universidade canadense de Regina.
Segundo Cheng, estamos em uma época em que os grandes telescópios podem ver quase até os confins do Universo. Porém, nosso “quintal” é, em grande parte, um mistério.
O astrônomo espera obter respostas sobre o nono planeta com o Observatório Vera C. Rubin, que deve entrar em operação neste ano no Chile.