A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi cobrada nesta quarta-feira (13) por deputados da oposição pelo desperdício de vacinas e responsabilizou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo problema.
Os questionamentos foram feitos, sobretudo, pelos deputados Frederico (PRD) e Kim Kataguiri (União-SP). Este último mencionou inclusive uma investigação do MPF (Ministério Público Federal) sobre as doses perdidas e fez um paralelo com o governo bolsonarista, que deixou imunizantes perderem validade após meses de uma postura antivacina.
Nísia mencionou que, primeiramente, foi retirado o sigilo dos estoques e das informações sobre os imunizantes no início de sua gestão. Mencionou ainda outras ações, como a negociação para substituir lotes próximos ao vencimento.
“Todas as medidas foram tomadas contra o desperdício do governo anterior”, disse a ministra. “Recebemos um Ministério da Saúde sem controle de estoque, com 12,5 milhões de doses de vacinas para vencer e foi todo o nosso trabalho de recuperação, conseguimos com isso recuperar doses de vacinas num valor de R$ 252 milhões”, afirmou a jornalistas.
As falas de Nísia aos deputados foram dadas em audiência pública na Câmara para a qual a ministra foi convidada para explicar gargalos da pasta em meio a críticas por sua gestão.
A reunião, promovida em conjunto pelas comissões de Fiscalização e de Saúde, é a sétima audiência de Nísia na Câmara desde o começo do governo Lula —foram cinco em 2023 e outra neste ano.
Apesar da cobrança da oposição, muitos deputados que estavam inclusive inscritos para questionar não apareceram, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Evair de Melo (PL-ES).
Ao falar com jornalistas após a audiência, a Nísia evitou comentar a possibilidade do fim do piso de Saúde e Educação, em estudo no pacote de corte de gastos do governo federal. Ela disse que é consciente da sua responsabilidade enquanto ministra e destacou que Lula recuperou o orçamento da saúde.
“Eu não levei apenas mensagens [para reunião com Lula sobre o tema], eu participei como parte de uma equipe de governo, de uma discussão sobre a questão fiscal no Brasil, os projetos que estão em curso, a grande responsabilidade que é de cada um de nós de cuidar das nossas áreas, no meu caso, de levar a saúde de qualidade, as entregas todas que temos feito”, disse.
“Eu não sou nem otimista nem pessimista, eu acho que não se trata disso. Sou uma pessoa responsável, consciente da minha responsabilidade enquanto ministra de coordenar o maior sistema universal do mundo e como parte de um governo que é o do presidente Lula, que recuperou o orçamento da saúde”, completou.
Com problemas na gestão e na mira de partidos do centrão, a ministra enfrenta críticas sobre corte de despesas, compras públicas —como o caso das falhas na obtenção de vacinas— e repasses de verba aos estados e municípios.
O documento de convocação da ministra também cita o caso de pacientes que receberam transplantes de órgãos com HIV no Rio de Janeiro, entre outros temas. O ministério instalou auditoria para apurar irregularidades no caso e afirmou que o Sistema Nacional de Transplantes “tem uma estrutura consolidada e reconhecida por sua segurança e eficiência”.