Por Kanishka Singh e Sheila Dang
WASHINGTON (Reuters) – Alegações falsas ou enganosas do bilionário Elon Musk sobre as eleições nos Estados Unidos acumularam 2 bilhões de visualizações na plataforma de mídia social X este ano, de acordo com um relatório da ONG Center for Countering Digital Hate.
A plataforma também está desempenhando um papel central ao permitir a disseminação de informações falsas sobre os Estados decisivos, que provavelmente determinarão o resultado da corrida presidencial, disseram especialistas em eleições e desinformação na segunda-feira.
Um representante do X disse que o recurso Notas da Comunidade da empresa, que permite que os usuários acrescentem contexto adicional às publicações, é mais eficaz para ajudar as pessoas a identificar conteúdo enganoso do que as tradicionais sinalizações sobrepostas às postagens.
Desde que assumiu o controle da empresa anteriormente conhecida como Twitter, Musk reduziu a moderação de conteúdo e demitiu milhares de funcionários. Ele declarou apoio ao ex-presidente Donald Trump, que está em uma disputa excepcionalmente acirrada contra a candidata democrata Kamala Harris pela Presidência dos EUA.
O enorme alcance de Musk, com quase 203 milhões de seguidores, ajuda a permitir “efeitos em cadeia” nos quais o conteúdo do X pode saltar para outras mídias sociais e plataformas de mensagens, como Reddit (NYSE:) e Telegram, disse Kathleen Carley, professora de Ciência da Computação da Universidade Carnegie Mellon e especialista em desinformação. “O X é um canal de uma plataforma para outra”, disse.
Pelo menos 87 das publicações de Musk este ano promoveram afirmações sobre a eleição dos EUA que os verificadores de fatos classificaram como falsas ou enganosas, acumulando 2 bilhões de visualizações, de acordo com o relatório do Center for Countering Digital Hate.
Na Pensilvânia, um dos sete principais Estados decisivos, alguns usuários do X se aproveitaram de casos de administradores eleitorais locais que sinalizaram formulários de registro de eleitores incompletos que não seriam processados, apresentando falsamente os eventos como exemplos de interferência eleitoral, disse Philip Hensley-Robin, diretor executivo da Common Cause na Pensilvânia, durante uma coletiva de imprensa na segunda-feira.
A Common Cause é uma organização apartidária que promove um governo responsável e o direito ao voto.
Alguns relatos no X deram a entender “que houve fraude eleitoral, quando, na verdade, sabemos claramente que os funcionários e administradores eleitorais em todos os nossos condados estavam seguindo as regras e…, portanto, somente os eleitores qualificados estão votando”, disse Hensley-Robin.
A Cyabra, uma empresa que usa inteligência artificial para detectar desinformação online, disse na segunda-feira que uma conta do X com 117 mil seguidores desempenhou um papel fundamental na divulgação de um vídeo falso que supostamente mostrava cédulas de correio da Pensilvânia com votos para Trump sendo destruídas.
O representante do X disse que a plataforma tomou medidas contra muitas contas que compartilharam o vídeo.
(Reportagem de Kanishka Singh, em Washington, e Sheila Dang, em Austin; reportagem adicional de Stephanie Burnett)