Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o chinês Xi Jinping assinaram nesta terça (13) 20 acordos e memorandos de entendimento em diversas áreas da economia com fortes críticas ao homólogo norte-americano Donald Trump pela imposição de tarifas a dezenas de países do mundo.
As duras críticas ocorreram durante um ato em que ambos reforçaram o desejo de uma longa parceria e a pretensão de aumentarem o protagonismo internacional, e um dia depois da comitiva brasileira ter fechado R$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil.
“A relação entre o Brasil e a China nunca foi tão necessária. A comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e sustentável que estabelecemos em novembro passado é uma alternativa às rivalidades ideológicas”, disse Lula no discurso.
Ele emendou afirmando que “China e Brasil estão determinados em unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo”.
“A defesa intransigente do multilateralismo é uma tarefa urgente e necessária. […] Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países.
Defendemos um comércio justo e dentro das regras da Organização Mundial do Comércio”, seguiu retomando a defesa, ainda, da reforma da ONU e do Conselho de Segurança, uma das bandeiras que levantou desde o início deste terceiro mandato.
Um pouco antes, Xi Jinping adotou um tom semelhante nas críticas a Donald Trump e ao protecionismo, afirmando que “ninguém sai ganhando das guerras tarifárias e comercial, e que o protecionismo não é solução. Vamos defender juntos o comércio multilateral, trabalhar para que o crescimento global continue tendo dinamismo e vigor”.
“Vamos manter fiel a nossa aspiração iniciai de assumir a responsabilidade pelo progresso humano e pelo desenvolvimento global. Vamos aumentar a nossa confiança estratégica de maneira constante, e fortalecer a sinergias entre a iniciativa Cinturão e Rota [também chamada de ‘Nova Rota da Seda’, de grandes fornecedores mundiais à China] e as estratégias de desenvolvimento do Brasil. Vamos demonstrar como é global estratégica e de longo prazo as relações China-Brasil”, completou o mandatário chinês.
Embora Xi Jinping tenha citado a parceria com o Brasil na iniciativa Cinturão e Rota, Lula não aderiu oficialmente para evitar eventuais conflitos comerciais com outros parceiros mundiais, especialmente os Estados Unidos.
Na cerimônia, foram assinados 20 atos de cooperação nas mais diversas áreas, entre elas de tecnologia, inteligência artificial, agricultura, mineração, finanças e troca de moedas locais (com a presença do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo), conhecimento espacial, agropecuária, combustíveis limpos, energia nuclear, saúde, meio ambiente, comércio internacional, gestão de emergência, produção naval, entre outros.
Também será emitido um comunicado conjunto sobre o fortalecimento da comunidade de futuro compartilhado China-Brasil, a defesa conjunta do multilateralismo, e a declaração conjunta sobre a crise na Ucrânia – porém, evitando citar a Rússia, que é uma importante parceria comercial dos chineses.
Tanto Lula como Xi Jinping evitaram citar a Rússia como agressor, e apenas pediram uma negociação diplomática para dar fim ao conflito no Leste europeu.
“Propomos uma negociação entre a Ucrânia e a Rússia”, disse Xi, enquanto que Lula defendeu o diálogo na “crise da Ucrânia”.
O presidente brasileiro, por outro lado, foi incisivo ao falar da guerra de Israel contra o Hamas, afirmando que “o mundo se apequena das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um estado da Palestina independente viável, vivendo lado a lado com o estado de Israel”.
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