O ano de 2024 foi marcado por uma onda de impopularidade entre líderes de países detentores das maiores economias do mundo, como Estados Unidos, França, Alemanha e Canadá, alguns destes ligados ao campo mais progressista da política.
Um levantamento feito pelo instituto de pesquisas Morning Consult mostrou que, tirando a Suíça, nenhum líder de um país industrializado alcançou uma avaliação positiva no último ano.
O caso mais recente de pressão política em parte devido à impopularidade de um governante foi observado no Canadá, onde o primeiro-ministro, Justin Trudeau, anunciou nesta semana sua renúncia do cargo, em meio a uma forte crise interna e no cenário internacional.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden chegou a atingir o nível mais baixo de popularidade entre todos os mandatários do país desde Dwight Eisenhower (1953-1961).
Em abril, o democrata chegou à marca de ter apenas 38,7% de aprovação. Outra pesquisa Reuters/Ipsos apontou que, até setembro do ano passado, essa taxa de aprovação já havia caído para 37%.
Essa avaliação negativa do governo Biden começou no mesmo ano em que ele assumiu a Casa Branca devido às críticas sobre como sua administração lidou com a turbulenta saída dos militares americanos do Afeganistão e após um aumento nos casos de Covid-19 naquele ano.
Em contrapartida, o presidente eleito Donald Trump, que tomará posse no dia 20, desfruta de um aumento na popularidade desde que conquistou um segundo mandato na Casa Branca.
Uma pesquisa divulgada pela CNN, no início do mês passado, indicou que 55% dos americanos entrevistados aprovavam amplamente a forma como o presidente eleito está lidando com a transição de governo. A pesquisa da CNN foi realizada de 5 a 8 de dezembro, com um erro de amostragem geral de mais ou menos 3,8 pontos percentuais.
O liberal Trudeau é outro líder que enfrenta uma dura realidade política e seu nível de popularidade baixo contribuiu fortemente para a decadência de seu governo.
Um levantamento da empresa de pesquisas Ipsos, de setembro do ano passado, mostrou que o primeiro-ministro canadense enfrenta a insatisfação de cerca de dois terços (67%) dos canadenses, um aumento de 4 pontos desde junho. Apenas um terço (33%) dos eleitores disse que é favorável ao seu governo.
Os europeus também demonstram cada vez mais descontentamento com suas lideranças, segundo as pesquisas.
Na França, o presidente Emmanuel Macron enfrenta uma instabilidade de longa data em seu governo. No mês passado, o mandatário francês precisou correr contra o tempo para selecionar um novo nome para o cargo de primeiro-ministro após o Parlamento derrubar o conservador Michel Barnier, algo que não era visto em 62 anos no país. Barnier ficou no cargo apenas três meses.
A França vive um impasse político desde as eleições legislativas de junho, já que nenhum dos três principais blocos políticos no Parlamento – NFP, RN e o grupo de Macron – tem maioria absoluta na Assembleia Nacional. Desde então, diferentes pesquisas apontam para uma média de aprovação entre 26% e 28%.
Na Alemanha, outra potência europeia, o chanceler social-democrata Olaf Scholz está com os dias contados de sua gestão.
De acordo com uma pesquisa publicada em setembro pelo Infratest Dimap, os índices de popularidade do chanceler alemão estão entre os mais baixos já registrados para um líder alemão, com apenas 18%.
O rompimento da aliança entre os sociais-democratas, verdes e liberais congelou a governabilidade de Scholz, abrindo caminho para a realização de eleições antecipadas em 23 de fevereiro.
No final de dezembro, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, dissolveu o Parlamento para dar prosseguimento ao processo de um novo pleito.
Algumas razões que influenciam a queda de apoio aos líderes europeus envolvem as incertezas provocadas pela Guerra da Ucrânia, alguns países enfrentando inflação crescente, economias estagnadas e a crise migratória.
Na Ásia, a Coreia do Sul, também considerado um país rico, vive uma situação política extremamente frágil, com a destituição do presidente Yoon Suk Yeol, após uma fracassada tentativa de declarar lei marcial no país.
Desde então, o país enfrenta uma série de investigações que já resultou em prisões de ministros e militares que apoiaram a medida controversa.
Nesta terça-feira, um tribunal de Seul concedeu uma extensão ao mandado de prisão contra o presidente destituído Yoon, depois que o mandado original expirou à meia-noite sem que as autoridades tenham conseguido detê-lo.
Yoon, que foi proibido de deixar o país, está sendo investigado por um suposto crime de insurreição, o único ao qual um presidente sul-coreano não está imune.
Até o dia 13 do mês passado, o nível de popularidade do presidente sul-coreano chegou a um recorde negativo de 11%, segundo pesquisa conduzida pela Gallup Korea.