Os computadores portáteis estão a tornar-se cada vez mais populares no panorama gaming atual, com múltiplas marcas a lançarem a sua própria versão do dispositivo.
E existem vantagens claras comparativamente a um PC tradicional, já que oferecem uma experiência de jogo portátil e versátil que vai além dos limites tradicionais dos jogos para desktop. Para efeitos de visualização, basta pensarmos numa Nintendo Switch com esteroides, uma vez que nos permite jogar jogos de topo, incluindo AAA recentes, num equipamento que podemos transportar para onde quer que quisermos.
Fica a conhecer o Lenovo Legion Go
E é exatamente isso que o Lenovo Legion Go oferece. A Lenovo teve a amabilidade de nos disponibilizar uma unidade do PC portátil e, ao longo das últimas semanas, tive a oportunidade de experimentar as diversas facetas do produto (e, pelo caminho, jogar alguns jogos que já há muito queria experimentar). Já analisei no passado um dispositivo semelhante de uma outra marca, a Asus Rog Ally, na altura, as minhas impressões foram francamente negativas; desta vez, o caso deu uma volta de 180 graus e não poderia ter ficado mais impressionado.
Para pessoas como eu, que gostam de produtos práticos e que estejam praticamente prontos a usar, o Legion Go é ideal: para além de ser super intuitivo, parece ter sido desenhado de maneira a conferir o máximo de poder e conforto possível aos jogadores. Reúne todas as lojas/plataformas de jogos principais num só local – como Steam, Epic Games, Game Pass, Ubisoft Conect, entre outras – e aglomera todos os títulos instalados na “consola” para um rápido acesso. Saltar de um jogo para outro é extremamente rápido e, durante o meu tempo com o dispositivo, tive uma overdose gaming tal foi a quantidade de títulos que experimentei.
Estes títulos tanto podiam ser indies muito amados como produções gigantes em mundo aberto, permitindo-me assim perceber quão poderoso é o PC e quão suavemente conseguia correr os diferentes jogos. Como seria de esperar, jogos como Gris, Psychonauts 2, Hi-fi Rush ou Brothers: A Tale of Two Sons assentavam que nem uma luva na consola, com o próprio indicador do ecrã a mostrar taxas de fotogramas de 60 FPS mesmo na qualidade gráfica mais alta.
Poder suficiente para jogar jogos AAA
Por sua vez, os jogos mais pesados que experimentei – nomeadamente A Plague Tale: Innocence, A Plague Tale: Requiem, Assassin’s Creed Odyssey e Assassin’s Creed Unity – criaram resultados menos positivos, com o framerate a descer quanto melhor fossem os seus gráficos. Com alguns ajustes nas configurações, é sempre possível melhorar o desempenho dos jogos, alcançando por vezes os 60fps, mas isso é apenas necessário para aqueles jogadores que priorizam desempenho acima de tudo. Tal como num PC “normal”, é importante consultar os requisitos de cada jogo e compará-los aos da própria Legion Go:
- Processador: AMD Ryzen Z1 Extreme (8-Core/16-Threads), 24 MB Cache, até 5.1 GHz
- Sistema Operativo: Windows 11 Home
- Memória RAM: 16GB LPDDR5X (7500Mhz)
- Ecrã: 8.8″ QHD+ (2560 x 1600), IPS, 500nits, Glossy, 144Hz
- Placa Gráfica: AMD Radeon™ Graphics (AMD RDNA™ 3, 12 CUs, até 2.7 GHz, até 8.6 Teraflops)
- Armazenamento: SSD 512GB PCIe® 4.0 NVMe™ M.2
- Comunicações: Wi-Fi 6E (802.11ax) 2×2 + Bluetooth 5.2
Como seria de esperar, não experimentei todos os jogos na consola – tal seria completamente descabido – e é óbvio que a sua performance/gráficos vão variar muito consoante o(s) título(s) escolhido(s). Ainda assim, nos múltiplos jogos que experimentei, em momento algum senti-me defraudado com o resultado final e todos eles eram perfeitamente jogáveis, por duas razões essenciais.
Poderoso e belo em igual medida
Por um lado, o Legion Go apresenta um modo mais poderoso (performance mode) que vai conferir um poder extra à consola e, por extensão, fazer com que os jogos corram de forma mais fluida. Por outro lado, o ecrã do PC é tão grande e tão belo que, apesar de as suas imperfeições serem claras, os títulos jogados continuam imensamente belos.
Até porque estamos perante um dispositivo deveras atraente. A reação original ao tirá-lo da caixa foi de pura estupefação, já que o seu ecrã de 8.8 polegadas (superior em tamanho aos seus concorrentes diretos) salta imediatamente à vista, entregando um nível de imersão simplesmente inexistente noutras consolas/PC. Com um look luxuoso de um preto brilhante, basta olhar para as fotos do artigo para vê-lo em toda a sua glória. Claro está, tudo isto resulta num dispositivo bastante grande e pesado que poderá não ser ideal para os mais pequenos ou para quem tem mãos mais pequenas. Mas existem formas de contornar esta situação.
Indo contra os seus concorrentes diretos e aproximando-se mais da Switch, o Legion Go tem uma propriedade muito peculiar: os comandos podem ser retirados. Isto permite novos estilos de jogo, que funcionam de forma simbiótica com o suporte físico do próprio ecrã, conferindo um conforto acrescido e retirando um peso extra das tuas mãos.
Um dispositivo fenomenal, prático e versátil
De facto, estas duas semanas passadas com o PC foram inesquecíveis e produtivas em igual proporção, e já há bastante tempo que não estava tão obcecado em jogar videojogos. O facto de poder jogar vários jogos de ponta que há muito estavam no meu radar em diversos pontos da minha casa (sofá, cama, jardim) é revolucionário, e o facto do dispositivo incluir 3 meses de Game Pass grátis foi a cereja no topo do bolo.
Todo o Legion Go é ridiculamente funcional e vários detalhes foram captando a minha atenção ao longo da minha análise; destaco as duas entradas USB-C, no topo e base do ecrã, que se revelaram imensamente úteis e que se deveriam tornar na norma neste tipo de produtos, ou então uns botões acima dos joysticks que te permitem um acesso rápido à biblioteca de jogos/lojas ou às definições da própria consola. Para rematar, mesmo após dezenas de horas com o PC na mão, em momento algum senti a consola a sobreaquecer, o que para mim é algo verdadeiramente inédito!
A Lenovo está de parabéns e arrisco-me a dizer que analisar o Legion Go foi uma das minhas experiências mais prazerosas enquanto redator do Eurogamer Portugal, uma daquelas raras ocasiões em que as linhas entre trabalho e lazer ficam muito mais ténues. Ainda assim, o dispositivo não é perfeito e, claro está, fui encontrando um ou outro detalhe mais irritante que não posso deixar de referir.
Algumas arestas a limar
O barulho das ventoinhas, por exemplo, é dos mais intensos que alguma vez ouvi, por vezes ensurdecedor. Na minha experiência com o PC, elas ativam-se quando escolhes o modo performance mencionado anteriormente, e o seu barulho é a contrapartida pelo poder extra conferido à consola. Tentei ao máximo evitar este modo por essa mesma razão, se bem que esta falha pode ser colmatada pelo uso de auscultadores.
A bateria é também desapontante, algo que deduzi mal olhei para o tamanho do dispositivo e o seu ecrã. Tudo vai depender do jogo que escolhes e da potência/gráficos selecionados, mas o meu conselho é que tenhas sempre o carregador à mão – a bateria não durará muito mais do que quatro horas e este é um dos principais problemas a resolver numa possível iteração futura.
Por fim, o teclado virtual nem sempre aparece quando clicas numa caixa de texto (nada propriamente dramático, apenas um pouco enervante) e o preço do PC não é para qualquer carteira. Custando cerca de 800 euros, é sem dúvida um valor altíssimo que poderá desmotivar muitos consumidores de comprarem a consola, especialmente se tivermos em conta que os seus concorrentes diretos têm preços um pouco mais toleráveis.
Mas tirando estas pequenas especificidades e olhando para o panorama geral, é inegável a qualidade do Lenovo Legion Go e, apesar do preço chorudo, o retorno obtido é igualmente alto. Assim sendo, se queres um sistema poderoso, prático, versátil, que te permite jogar jogos das mais variadas lojas em qualquer lugar, esta é uma das melhores opções atualmente disponíveis no mercado.
Confere mais informações no site oficial da Lenovo.
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