O corpo do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22, é velado nesta sexta-feira (22) no cemitério Gethsêmani, no Morumbi, zona oeste de São Paulo.
Acosta foi morto com um tiro disparado por um PM dentro de um hotel na Vila Mariana, zona sul, na madrugada de quarta-feira (20).
“Eu peço que seja feita a Justiça, que os responsáveis tenham a condenação que mereçam ter. Meu irmão era a nossa alegria. Era a alegria da minha casa. Sem ele nossa alegria foi embora. Nosso sorriso foi embora. A gente vai conviver a vida inteira com um buraco no coração”, disse o cirurgião Frank Cardenas.
Ele contou ter sentido muita dor ao ver os pais terem que escolher o caixão do irmão caçula.
Frank segurava dois retratos com fotos do irmão, que disse ser seu melhor amigo. O cachorro de estimação de Acosta também foi levado ao cemitério.
O pai, o professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) Júlio César Acosta Navarro chamou o filho de “anjo travesso”. Bastante abalado, ele agradeceu a imprensa por ter acompanhado o caso.
“Estava destruído. Tive que me levantar para defender a imagem do meu filho. A imagem que estava sendo desvirtuada”, disse o pai.
Segundo a SSP, o policial autor do disparo foi indiciado por homicídio doloso e segue afastado do serviço operacional. “A Polícia Militar atua com rigor e não tolera desvios de conduta dos seus agentes. Todas as circunstâncias do fato são apuradas e as devidas punições serão aplicadas.”
O pai do estudante afirmou ter ficado mais aliviado ao saber que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se posicionou sobre o caso em uma rede social.
“Eu reclamei, denunciei essa injustiça contra o sistema. Ao final da noite muitas pessoas me ligaram com a notícia de que o governador publicamente tinha pedido desculpa, lamentando, reconhecendo o que nós pelo menos queríamos, que reconhecesse o crime. Isso pelo menos aliviou nosso coração para poder agora tranquilamente chorar e expressar nosso sentimento”, afirmou.
Segundo a PM “o Inquérito Policial Militar citado foi instaurado pelo 12º BPM/M, com acompanhamento da Corregedoria da Instituição. A investigação está em andamento e seu encaminhamento ao Tribunal de Justiça Militar será realizado dentro do prazo legal, previsto no Código Penal Militar. Durante esse período, os policiais envolvidos permanecerão afastados das atividades operacionais”.
O corpo de Acosta foi sepultado pouco depois das 16h. O trajeto entre a sala de velório e túmulo foi feito a pé, com familiares e amigos se revezando no transporte do caixão —carregado sobre os ombros. Boa parte dos presentes vestiam roupas pretas.
Durante a cerimônia de despedida, todos permaneceram em silêncio. A mãe do jovem fez questão de chamar para perto dela a mulher que estava com o filho pouco antes de ele ser baleado. Houve uma oração seguida de músicas e salva de palmas.
O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, o Claudinho, acompanhou o enterro.