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    Home » Indústria de casamento arranjado ataca brasileiras Europa – 08/03/2025 – Cotidiano
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    Indústria de casamento arranjado ataca brasileiras Europa – 08/03/2025 – Cotidiano

    Brasil ElevePor Brasil Elevemarço 8, 2025Nenhum comentário10 minutos de leitura
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    Companheiras leais, dedicadas à família e extraordinariamente sensuais. É essa a promessa que atrai homens solteiros de países ricos a um mercado internacional recheado de estereótipos que lhes conecta virtualmente a mulheres brasileiras.

    Quase sempre, quem procura o serviço está disposto a dispensar tradições ou deixar tudo para trás por um novo relacionamento ou casamento arriscado, às vezes sem nem falar a língua do parceiro ou pouco conhecê-lo.

    O Brasil é um dos focos de uma indústria cuja alma do negócio está em abrir os caminhos para que mulheres da América Latina, da Ásia e do Leste Europeu cruzem mares e fronteiras para se casar. Neste universo, reza a lenda que a mulher brasileira foi agraciada com uma beleza natural, mantém constante alegria de viver e sempre estará disposta a cuidar do marido e dos filhos.

    “As mulheres brasileiras amam cuidar de um homem que lhe dê atenção e mostra que a ama! Devido ao forte senso de família e ao seu calor natural, as mulheres brasileiras são muito leais, orientadas para a família, femininas e afetuosas”, diz em inglês a agência teuto-brasileira de casamentos Marlu, com sede em Berlim, que afirma atuar desde 1993. “Quer ela trabalhe ou não, ela contribuirá cuidando da casa e dos filhos.”

    De um verdadeiro cardápio de brasileiras, os clientes homens podem escolher quais querem conhecer pessoalmente, na Alemanha ou no Brasil. A agência afirma fazer a pré-seleção de candidatas, quase sempre fotografadas ou filmadas de forma hipersexualizada, e organizar as viagens internacionais.

    Só os homens podem se fartar no “menu”, e às mulheres cabe aceitar ou não o convite para conversar. O pacote mais caro anunciado chega ao equivalente a R$ 8.400.

    Alemães entre os maiores “clientes”

    Na outra ponta, estudos indicam que alguns dos países onde a indústria encontra maior interesse dos homens incluam a Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos.

    Nos EUA dos anos 1970, o nicho floresceu para oferecer “noivas por encomenda” para solteiros americanos insatisfeitos com os novos papeis da mulher num período de efervescência do movimento feminista.

    “O bronzeado sexy é a autenticação das mulheres do Brasil. O banho de sol é um de seus passatempos favoritos. Elas ficam deitadas nas praias por horas, virando-se de um lado para o outro e hidratando o corpo com óleo”, diz o site Golden Bride (Noiva Dourada), que anuncia “noivas brasileiras por encomenda”.

    Com a expansão da internet, o mercado pioneiro das agências casamenteiras se capilarizou nas últimas duas décadas. Hoje um ecossistema de sites de relacionamento fala em casamento ou flerta com a proposta. Muitas vezes com uma linguagem mais sutil, o nicho ainda investe nas rotas tradicionais das “noivas por encomenda”, com páginas específicas para brasileiras e latinas.

    Passaporte para uma vida nova

    O casamento é vendido para as mulheres como passaporte para uma nova vida, longe dos desafios sociais e econômicos que, desproporcionalmente, afetam as mulheres no Brasil e outros países do Sul Global. Os homens europeus, por sua vez, são apresentados a elas como sinônimo de fidelidade, planejamento e segurança —supostamente, ao contrário dos brasileiros.

    Enquanto as mulheres esperam chegar a sociedades com valores e normas mais favoráveis às mulheres, a indústria frequentemente as trata como produto a ser customizado, testado e fretado. Chega a ser possível para os homens escolher candidatas de acordo com nacionalidade, idade, peso, altura e até signo do zodíaco.

    “A brasileira é apresentada como uma extensão do Brasil enquanto um destino paradisíaco, onde o homem alemão exerceria um direito de fazer a sua escolha”, afirma a antropóloga Thais Tiriba, que pesquisou agências teuto-brasileiras na Universidade Livre de Berlim, com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). “Ela seria mais dócil em comparação a uma mulher alemã que teria sido arruinada por ideias feministas.”

    “Não era amor, era serviço”

    Para Simone (nome fictício), tudo começou com uma brincadeira despretensiosa. Aos 18 anos, no início da faculdade de Direito, ela e as amigas criaram perfis no site Brazil Cupid (Cupido Brasil, em tradução livre) que, apresentando-se como plataforma para conhecer solteiros no Brasil, hoje oferece catálogos de brasileiras em nove idiomas falados na Europa.

    Na versão em português, o site dispensa o catálogo, e só em inglês há também uma lista de homens, dos quais muitos não têm nomes brasileiros. Os casos de sucesso relatados quase sempre são de homens estrangeiros que se casaram com mulheres brasileiras.

    Da mesma empresa, o Latin American Cupid (Cupido Latino Americano) tem cardápios de mulheres latinas, colombianas, brasileiras, dominicanas e peruanas em inglês, alemão, espanhol e francês, além de retratos de clientes felizardos que acharam uma “mulher de valores tradicionais” ou “a doce latina” que procuravam.

    Entre mensagens que pediam dinheiro, encorajavam fotos de nudez ou propunham casamento imediato, Simone conheceu um suíço de férias no Brasil pela plataforma. Depois de dois anos se encontrando com ele para viagens a passeio dos dois lados do Atlântico, ela engravidou acidentalmente em 2020, e ele insistiu para que ela se mudasse para um vilarejo na Suíça.

    Atraída pelas promessas de que ela lá aprenderia o alemão, continuaria a formação acadêmica e construiria uma família, ela cedeu. Mas, ao chegar, foi proibida de estudar e ter conta bancária, num lugar onde se sentia discriminada pela vizinhança e ninguém falava inglês.

    “Para ele, mulher era para ser dona de casa”, conta Simone. “Primeiro, eu achava que ele estava me protegendo num país onde eu não conhecia ninguém. Mas hoje vejo que era uma forma de me isolar. É como se ele achasse que deveria ser o meu tudo, o meu deus.”

    Especialistas e autoridades constataram há pelo menos três décadas que este modelo de casamento serve de porta de entrada para cadeias de violências e abuso. Tradicionalmente, a barreira linguística, a falta de redes de apoio, o desconhecimento das leis locais e a dificuldade de se inserir no mercado de trabalho aprofundam a vulnerabilidade das mulheres que caem em relações desiguais ou dependentes.

    Tentando escapar da bolha imposta pelo companheiro, a brasileira sobreviveu a quase três anos de violências físicas até conseguir ajuda da polícia, que a encontrou sangrando e machucada depois de uma tentativa de enforcamento. Simone e o filho foram levados a um abrigo para mulheres.

    “Depois que eu o conheci pela internet e vi que ele era real, achei que não tinha mais risco. Mas ele queria alguém para cuidar da casa e do filho sem pagar”, ela conta. “Você se sujeita a vários papeis que você entende como amor e ele, como serviço.”

    Depois da separação, ela aprendeu alemão e agora estuda para ser assistente social na Suíça. Mas não exatamente por escolha, já que se vê forçada a ficar no país enquanto luta pela guarda do filho, sem ter o direito de levá-lo ao Brasil. O ex-marido aguarda o julgamento pelas agressões contra Simone em liberdade.

    Casamento fácil, divórcio difícil

    Outros países de origem de mulheres mais frequentemente anunciadas como “noivas por encomenda” incluem Filipinas, Tailândia, Rússia e Ucrânia, com estereótipos diferentes criados para cada um.

    Na Alemanha, os casamentos entre brasileiras, filipinas e tailandesas com alemães dispararam a partir do fim dos anos 1980, concomitantemente ao crescimento da indústria casamenteira. Entre 2013 e 2023, os alemães se casaram com 6.300 brasileiras, o maior número nas Américas, e outros 14,8 mil com filipinas e tailandesas. Não há, entretanto, dados específicos sobre mulheres que imigraram para se casar.

    De tão popularizada, a busca por este modelo de casamento já vaza das plataformas especializadas e chega a outros cantos da internet, inclusive a quem nem sabe da existência de um nicho casamenteiro.

    Ângela (nome fictício) nunca procurou a indústria, mas recebeu uma proposta de casamento de um alemão que conhecera num site de bate papo na internet, no qual era possível filtrar a localização do interlocutor. Depois de ter tentado com filipinas, ele passou a conversar com a brasileira que, dois anos mais tarde, embarcaria para a Alemanha, com os documentos para o casamento na mala.

    O fim de um longo relacionamento violento e dificuldades financeiras pesaram na decisão. Parecia uma opção sentimentalmente segura, já que tanto se falava na internet que os alemães eram sinceros e fiéis para a vida toda.

    “Foi como se tivesse chegado aquele príncipe encantado da Alemanha e, com ele, a possibilidade de vir para cá. Eu não tinha nada a perder”, diz. “Não éramos extremamente apaixonados, mas formamos uma parceria, e o apego emocional viria com o tempo.”

    Ângela viu o projeto de construir um amor, no entanto, desmantelado pela indisposição do marido em cultivar uma vida romântica e sexual, dividir as tarefas da casa ou aprender sobre a sua cultura.

    “Ele dizia que as mulheres alemãs eram muito complicadas e tinham muita frescura”, conta. “O amor dele estava muito relacionado a ter alguém cuidando da casa.”

    Após o marido ser diagnosticado com uma doença degenerativa, ela se tornou financeiramente responsável pela casa. Pela legislação alemã, o casal precisa morar separado ao longo de um ano antes do divórcio, no qual Ângela ainda seria requerida a financiar as necessidades básicas do marido.

    Só que as contas não fecham, e eles vivem há dois anos sob o mesmo teto, mas não como casal. “O relacionamento durou enquanto eu me dispus a fazer dar certo. Quando me tornei independente e passei a impor minhas necessidades, ele se fechou de vez.”

    Ponto cego da regulação na UE

    As histórias de Ângela e Simone integram um roteiro já conhecido por advogados e especialistas que atuam na proteção a mulheres das nacionalidades mais visadas pela indústria casamenteira na Europa.

    São múltiplos os obstáculos que as mulheres migrantes enfrentam ao buscarem a separação, incluindo porque muitas dependem do casamento para manter seus vistos. A discriminação por autoridades e a disparidade econômica com os maridos também aumentam o risco de perder a guarda dos filhos.

    A advogada Delaine Kühn, que atua na Alemanha, ressalta que a mulher brasileira que deseja migrar tem alternativas para além do casamento: “É importante analisar as perspectivas de antemão. Não sabemos como a outra pessoa vai reagir quando o casal vai morar junto. Muitas vezes, aquele príncipe encantado vira um sapo.”

    Governos, especialistas e a Organização das Nações Unidas também já advertiram para a possível associação das agências e sites internacionais que formam casais ou promovem casamentos ao risco de tráfico humano.

    Entretanto, a indústria opera num ponto cego regulatório da União Europeia, colocando em xeque provisões consagradas em matéria de direitos humanos, tal como os princípios de igualdade e não discriminação. É o que explicam as pesquisadoras Ingrid Westendorp e Inez Roosen, da Universidade de Maastricht, na Holanda, que estudaram a indústria das “noivas por encomenda” na Alemanha, Holanda, Reino Unido e Irlanda.

    Para elas, faltam conhecimento e pesquisa sobre o tema e sistemas de proteção. “Esta indústria coloca as mulheres em situação subordinada e vulnerável, enquanto os homens são colocados em posições de poder, sem igualdade entre os dois lados,” afirma Westendorp. “Os Estados têm obrigação de modificar e abolir práticas nocivas. Mas, para isso, precisam estar cientes de que esta indústria se baseia nestes estereótipos.”

    A agência Marlu não quis comentar sobre os seus serviços, afirmando prezar pela discrição dos clientes. A empresa já participou de um reality show na televisão alemã, no qual homens alemães viajavam para vários países menos ricos, incluindo o Brasil, atrás de “mulheres dos sonhos.”

    A Golden Bride disse não promover ou organizar encontros. Já as plataformas Rose Brides, Brazil Cupid e Latin American Cupid não responderam a pedidos de comentário.

    Em nota, a Embaixada do Brasil em Berlim disse não ter atendido nos anos recentes casos relacionados a agências de relacionamentos ou casamentos. Mas o órgão oferece apoio jurídico e psicológico para as vítimas de violência contra mulheres migrantes e tráfico de pessoas, além de organizar eventos informativos e publicar cartilhas.

    Mulheres vítimas de violência doméstica na Alemanha podem pedir ajuda em 17 idiomas, inclusive português, ao telefonarem para a linha de apoio do governo no número 116016.



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