Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O recuava nesta segunda-feira, após duas altas seguidas, com agentes financeiros ainda preocupados sobre a dinâmica das contas públicas e fazendo contas sobre a potencial economia fiscal após a aprovação do pacote de cortes de gastos no Congresso Nacional.
Por volta de 11h40, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,83%, a 121.084,71 pontos. O volume financeiro somava 3,86 bilhões e reais.
A equipe da XP (BVMF:) estimou que, após tramitação do pacote no Congresso, o potencial de economia fiscal no próximo biênio recuou de 52 bilhões para 44 bilhões de reais. Os cálculos do governo apontam para cerca de 70 bilhões de reais.
“Apesar da direção correta, vemos esse ganho como insuficiente para garantir o atingimento das metas de resultado primário e, principalmente, a manutenção do limite de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos”, afirmaram em relatório publicado mais cedo nesta segunda-feira.
Na semana passada, o Congresso aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e os dois projetos de lei do pacote fiscal, mas fez ajustes nos textos. O ministro da Fazenda disse que o impacto do pacote deve ser reduzido em cerca de 1 bilhão de reais após as mudanças, mas que isso não afeta o resultado final.
“A frustração em torno do anúncio do pacote de controle de gastos contribuiu sobremaneira para a elevação da incerteza”, afirmou a equipe do Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, chefiado pelo economista Rafael Cardoso, em relatório com revisão de estimativas macroeconômicas.
“Mantivemos entendimento de que dada a dificuldade em encaminhar medidas impopulares, mas necessárias ao ajuste fiscal, a trajetória de resultado primário e dívida pública devem continuar em trajetória desafiadora.”
A ausência de negócios na B3 (BVMF:) nos próximos dois dias corroborava a cautela, principalmente com Wall Street abrindo na terça-feira e fechando apenas no dia 25.
DESTAQUES
– AZUL PN (BVMF:) recuava 6,87%, conforme o voltava a avançar sobre o real, assim como as taxas dos contratos de DI, o que pesava sobre ações de setores cíclicos. Ainda no segmento de viagens, CVC (BVMF:) BRASIL ON cedia 4,85%. No mesmo contexto, o índice do setor de consumo caía 1,56% e o do setor imobiliário perdia 2,02%.
– HYPERA ON avançava 4,76%, depois que o fundo de investimentos Dodgers aumentou a participação acionária na farmacêutica a aproximadamente 6,02% do seu capital social total. Por trás da participação está a EMS, empresa que tentou em outubro combinar os negócios com a Hypera (BVMF:).
– AUTOMOB ON caía 7,14%, em mais um dia de correção negativa após forte valorização desde a estreia das ações na semana passada, quando foi listada a 0,17 real e chegou a ser cotada a 0,91 real.
– IRB (BVMF:)(RE) ON subia 0,24%, após a resseguradora reportar lucro líquido total de 24,2 milhões de reais em outubro, quando os prêmios emitidos alcançaram 481,9 milhões de reais e o índice de sinistralidade ficou em 78,2%. O resultado de underwriting somou 700 mil reais e o financeiro e patrimonial atingiu 65,6 milhões de reais.
– ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:) perdia 2,1%, em dia mais negativo para bancos, com BRADESCO PN (BVMF:) cedendo 1,02%, SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:) trabalhando em baixa de 2,06% e BANCO DO BRASIL ON (BVMF:) mostrando variação negativa de 0,12%. Ainda no Ibovespa, BTG PACTUAL (BVMF:) UNIT recuava 1,46%.
– PETROBRAS PN (BVMF:) tinha variação positiva de 0,08%, em dia de fraqueza do no exterior, onde o barril de perdia 0,33%. A Petrobras rescindiu contrato de desinvestimento dos campos de Uruguá e Tambaú, no pós-sal da Bacia de Santos. A venda havia sido acertada com a Enauta (BVMF:), hoje denominada Brava Energia, após fusão com a 3R Petroleum (BVMF:).
– VALE ON (BVMF:) subia 0,31%, tendo como pano de fundo a alta dos contratos futuros do na China, com expectativa de reabastecimento de siderúrgicas chinesas. O contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 0,84%, a 780 iuanes (106,87 dólares) a tonelada métrica.