Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O fechou em queda nesta sexta-feira, com Vale entre as maiores pressões de baixa na esteira do recuo dos preços do na China, enquanto agentes financeiros continuaram ajustando posições para um cenário de juros mais altos e descontentes com o quadro fiscal brasileiro.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 1,13%, a 124.612,22 pontos, tendo marcado 124.578,33 pontos na mínima e 126.290,33 pontos na máxima do dia. Com tal desempenho, acumulou uma perda de 1,06% na semana. O volume financeiro nesta sexta-feira somou 22,8 bilhões de reais
Na visão do economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, a reação dos ativos brasileiros é um sinal da percepção no mercado de que, sem a ajuda da política fiscal, a política monetária não será capaz de levar a economia brasileira de volta ao equilíbrio.
Em meio a um ambiente de atividade econômica e inflação mais fortes do que o esperado e avaliação negativa sobre o pacote de ajuste fiscal, o Banco Central acelerou o ritmo de alta da Selic, com um aumento de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e sinalizou duas elevações na mesma magnitude à frente.
Mas, até o momento, o movimento “hawkish” do BC na última quarta-feira não surtiu efeito no mercado de DI, onde as taxas mais longas continuam subindo, o que acaba reverberando na bolsa paulista, assim como o continuou acima de 6 reais, mesmo com leilões de dólares da autoridade monetária.
Economistas do Santander no Brasil chefiados por Ana Paula Vescovi destacaram que a mudança de estratégia do BC de gradualismo para “tratamento de choque” é justificada pelas boas práticas de política monetária, mas não é suficiente para afirmar que a autarquia será bem-sucedida em convergir a inflação à meta.
“Essencialmente, quando a política fiscal permanece expansionista, alguns canais de transmissão da política monetária podem ficar obstruídos ou menos eficazes”, reforçaram em relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.
DESTAQUES
– VALE ON (BVMF:) recuou 1,5%, em dia de queda dos contratos futuros de minério de ferro na China, com agentes desapontados com a falta de detalhes concretos sobre estímulos econômicos da Conferência Central de Trabalho Econômico daquele país. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com perda de 1,12%, a 797,0 iuanes (109,50 dólares) a tonelada.
– ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:) caiu 1,29%, em meio ao clima ainda negativo na bolsa, bem como as perspectivas negativas sobre o efeito da alta dos juros para o crescimento da economia e seus reflexos no mercado de crédito. BANCO DO BRASIL ON (BVMF:) cedeu 1,37%, BRADESCO PN (BVMF:) fechou em baixa de 1,31% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:) perdeu 1,66%.
– LOCALIZA ON (BVMF:) cedeu 4,5%, também pressionada pelas preocupações com os potenciais efeitos de juros mais altos no segmento de seminovos, entre outros. A empresa de aluguel de veículos e gestão de frotas também divulgou que o seu conselho de administração aprovou pagamento de 426,4 milhões de reais em juros sobre capital próprio (JCP). Fora do Ibovespa, MOVIDA ON (BVMF:) recuou 6,44%.
– PETROBRAS PN (BVMF:) caiu 0,63%, a despeito da alta dos preços do no exterior, onde o barril de fechou negociado em alta de 1,47%, a 74,49dólares.
– GPA ON avançou 4,87%, devolvendo parte das perdas com o tombo de 11% na véspera e tendo no radar noticiário envolvendo interesse do empresário Nelson Tanure no dono da bandeira Pão de Açúcar (BVMF:). Procurado, o GPA disse que não comentaria o assunto. No setor, CARREFOUR BRASL ON caiu 5,02% e ASSAÍ ON — que concluiu o plano de 66 conversões de hipermercados iniciado em 2022 — perdeu 5,12%.
– VAMOS ON (BVMF:) recuou 5,08%, mantendo a correção negativa da véspera, após alta nos três primeiros pregões da semana, sendo que na terça-feira saltou 12%. Analistas do UBS BB cortaram a recomendação dos papéis para “neutra” e reduziram o preço-alvo das ações de 14 para 6,50 reais, conforme relatório de 12 de dezembro, citando um cenário desafiador para a companhia em parte devido aos efeitos de juros mais altos.
– BRASKEM PNA (BVMF:) desabou 11,03%, tendo no radar relatório do Santander cortando a recomendação das ações para “neutra” e adotando preço-alvo de 18 reais para o final de 2025, ante 27 reais no final de 2024. Apesar de esperar um aumento do Ebitda ano a ano em 2025, os analistas avaliam que os resultados permanecerão relativamente fracos e o Ebitda compensará apenas as despesas não operacionais.
– JBS ON (BVMF:) subiu 1,13%, endossada por relatório do JPMorgan (NYSE:) elevando o preço-alvo das ações de 43 para 46 reais e mantendo a recomendação “overweight” e o “positive catalyst watch” para os papéis. Para os analistas, o “momentum” positivo para os resultados deve continuar em 2025. O banco também elevou o preço de BRF, de 30 para 31,50 reais e reiterou o “overweight” e o “positive catalyst watch”. BRF ON (BVMF:) cedeu 0,11%.