O assistente de inteligência artificial (IA) da Meta, Meta AI, começa a chegar ao Brasil, nesta quarta-feira (9), com três meses de atraso. O presidente-executivo do conglomerado de redes sociais, Mark Zuckerberg, havia prometido a tecnologia para julho.
A Meta culpou uma medida cautelar da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) pela demora. A sanção administrativa suspendeu a política de privacidade da empresa e, por consequência, impediu a Meta de usar dados de brasileiros para treinar modelos de inteligência artificial.
A ANPD é uma autarquia vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O imbróglio teve início quando a Meta começou, sem pedir permissão, a usar dados de contas abertas do Facebook e do Instagram para desenvolver modelos de inteligência artificial. A ANPD suspendeu a restrição após a Meta se comprometer a deixar o processo mais transparente.
O produto, disponível nos Estados Unidos desde abril, é similar ao ChatGPT e está integrado a Instagram, Facebook e WhatsApp. O lançamento será “gradual”, diz a big tech. A ferramenta geradora de textos e imagens, de acordo com a Meta, pode ser usada em pesquisas e bate-papos para realizar tarefas, criar conteúdo e se aprofundar em assuntos sem precisar sair dos aplicativos da empresa.
O Meta AI funciona com o motor de IA Llama 3.1 405b, apresentado pela Meta em julho. O modelo teria capacidades similares às versões mais recentes do ChatGPT, segundo o conglomerado de redes sociais.
Parte dos usuários brasileiros teve um aperitivo da experiência prometida pela Meta em um gerador de figurinhas disponível na popular plataforma de mensagens.
A Meta também afirma que lançará uma versão web da IA no endereço “meta.ai”. A reportagem tentou acessá-la sem sucesso.
A Meta alerta que as conversas com o Meta AI não são criptografadas de ponta a ponta. A Meta faz moderação dos bate-papos com a plataforma e pode usar as mensagens enviadas para a IA para treinar outros modelos.
A IA também pode acessar a localização do usuário para dar respostas mais acuradas.
A Meta AI estará disponível nos chats de WhatsApp e nas abas de mensagem de Instagram e Facebook, além do Messenger.
Em uma dessas seções, o usuário deve clicar no ícone de novas mensagens no canto superior direito e depois na opção “criar um bate-papo com IA”. Depois, em “Meta AI”.
Para conversar com a inteligência artificial, basta mandar mensagens, da mesma forma com que funciona o ChatGPT. O Meta AI também recebe mensagens em áudio.
Também é possível chamar o Meta AI em conversas com terceiros e em grupos em WhatsApp, Instagram e Facebook. Para isso, a pessoa deve mencioná-lo, com o comando @Meta AI, e adicionar as instruções na sequência.
Dentro do bate-papo com a IA, é possível usar o comando /ai-options (opções de IA) para ver sugestões de comando. O comando /imagine (imaginar em inglês), por exemplo, tem a função de gerar imagens.
Facilitar a recusa do uso de dados para treinar modelos de IA foi uma das condicionantes impostas pela ANPD para que a Meta pudesse usar dados pessoais de brasileiros para treinar modelos de inteligência artificial da empresa.
Logo no topo da política de privacidade, a Meta adicionou um aviso de que usaria as informações públicas dos usuários para treinar IAs. Esse texto contém um link para o usuário se opor ao uso de dados contidos nas redes sociais para o desenvolvimento de modelos de IA.
Agora, é necessário informar apenas o email para fazer a solicitação. Justificar a oposição é opcional.
A Meta afirma que a resposta ao pedido chegará via email.
Outra exigência da ANPD foi de que pessoas sem conta na Meta também possam pedir a exclusão, uma vez que fotos e textos contidos na rede social podem fazer referência a amigos e familiares.
Esse formulário está disponível na política específica da Meta para IA Generativa ou neste link. O usuário pode informar se quer acessar, excluir ou restringir o processamento de dados.
Para isso, a Meta solicita informações, como nome, endereço de email e informações sobre as publicações que fazem menção à pessoa, para poder encontrá-las.