Uma esteticista de 31 anos morreu ao fazer uma hidrolipo em uma clínica em São Paulo na terça-feira (26/11).
Segundo o boletim de ocorrência, Paloma Lopes Alves teve uma parada cardiorrespiratória, foi socorrida, mas não resistiu. A Polícia Civil investiga o caso.
Essa não é a primeira vez que uma paciente tem uma complicação grave durante um procedimento de hidrolipo.
Em julho, a funkeira Valesca Popozuda expôs que fez o procedimento estético nas pernas e ficou com hematomas por causa da necrose.
Na época, ela afirmou que “quase perdeu a perna” devido à hidrolipo.
O procedimento ganhou popularidade por ser mais rápido e barato do que uma lipoaspiração convencional.
Por ser um procedimento estético mais rápido, muitas celebridades já aderiram à técnica, contribuindo também para a popularização da hidrolipo como a modelo Juju Salimeni e os influenciadores digitais Luane Dias e David Brazil.
O que é a hidrolipo
A hidrolipo é um procedimento estético utilizado para remover gordura localizada em diversas partes do corpo, como abdômen, quadris, coxas, nádegas e costas.
Normalmente, ela é indicada para pessoas que estão próximas do peso ideal, mas que possuem acúmulos de gordura em áreas específicas e querem modelar o corpo.
A hidrolipo é mais rápida e barata do que uma lipoaspiração convencional, porque não exige a aplicação de uma anestesia geral ou ser realizada em ambiente hospitalar.
A hidrolipo é feita com anestesia local, ou seja, o paciente fica acordado durante o procedimento.
Enquanto uma lipoaspiração custa, em média, de R$ 7 mil a R$ 15 mil, a hidrolipo custa entre R$ 1,5 mil e R$ 7 mil. Os valores variam de acordo com a cidade e as áreas do corpo em que os procedimentos são feitos.
Neste método, é injetada uma solução de anestésico, soro fisiológico e adrenalina para diminuir os vasos capilares, reduzir a perda de sangue e viabilizar o procedimento.
Por ser feito com anestesia local e sem sedação, não é necessário que um anestesista acompanhe o paciente.
Quais os riscos da hidrolipo
O cirurgião plástico Fernando Amato, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que o principal risco para o paciente está relacionado a uma possível intoxicação pelos anestésicos que são injetados.
“Por isso, é importante que o ambiente tenha equipamentos para monitorar esse paciente durante o procedimento”, diz Amato.
O procedimento é contraindicado para pessoas com comorbidades como diabetes, hipertensão e cardiopatia.
Também não é indicado que seja realizado em áreas do corpo em que o paciente tenha algum tipo de inflamação ou infecção na pele.
Como a hidrolipo não precisa ser feita em ambiente hospitalar e é realizada em pequenas áreas do corpo, não é obrigatório realizar exames pré-operatórios.
O médico Rogério Leal, especialista em cirurgia estética e reparadora, discorda da dispensa destes exames.
“Porque, muitas vezes, o paciente pode ter uma glicemia [nível de açúcar no sangue] descompensada, pode ser hipertenso e não saber, já que a hipertensão é uma doença silenciosa”, diz Leal.
“Todos têm que realizar exames pré-operatórios e avaliação clínica pré-operatória com um cardiologista ou clínico geral para definir bem todas as condições de saúde.”
O que se sabe sobre morte em clínica de SP
A esteticista Paloma Lopes Alves, de 31 anos, morreu enquanto fazia uma hidrolipo nas costas e no abdômen em uma clínica na Vila Carrão, em São Paulo, na terça-feira (26/11).
Everton Silveira, de 34 anos, marido da vítima, conta que a esposa conheceu o médico Josias Caetano, que fez o procedimento, por meio das redes sociais e não passou por nenhuma consulta presencialmente.
Eles teriam se encontrado pela primeira vez na manhã do dia da realização do procedimento estético.
“Eles receberam R$10 mil pelo procedimento e, depois que a Paloma passou mal, eles sumiram”, conta Everton.
Segundo Everton, o médico disse que a previsão era de que Paloma recebesse alta ainda na tarde de terça-feira.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e a levou para o Hospital Municipal do Tatuapé.
“Demoraram muito para chamar o Samu e, quando chegou, eles tiveram que reanimar ela. No hospital, não tinha mais o que fazer”, acrescenta Everton.
De acordo com o boletim de ocorrência, a provável causa da morte foi embolia pulmonar causada pela obstrução de uma artéria do pulmão.
O médico Josias Caetano é investigado pela polícia. A BBC News Brasil não conseguiu contato por telefone com os responsáveis pela clínica.
A defesa do médico também foi procurada por telefone e por e-mail, mas não respondeu ao contato até a publicação desta reportagem.
Após o ocorrido, as redes sociais da clínica foram desativadas.