O Hay’at Tahrir al-Sham (HTS – Organização pela Libertação do Levante ou Comité de Libertação do Levante) é o grupo responsável pela deposição do ditador da Síria, Bashar Al-Assad, após 20 anos no poder. Desde novembro o grupo, formado em 2017, vinha comandando ofensivas pelo país que resultaram na captura de cidades-chave, como Homs, considerada o seu coração estratégico. Outras cidades tomadas pelo grupo nas últimas semanas foram Aleppo, Deraa e Hama.
O grupo que depôs Assad surgiu como resultado da fusão de diversas facções armadas, dentre elas a chamada Frente al-Nusra, estabelecendo-se como o maior grupo de oposição armada na Síria.
A Frente al-Nusra, afiliada ao grupo terrorista Al-Qaeda, surgiu em 2012 como uma das forças mais organizadas da oposição armada durante a guerra civil. Junto de outros grupos jihadistas menores, a Frente al-Nusra foi incorporada na criação do HTS.
Apesar de ser originalmente ligado à Al-Qaeda, o HTS tem tentado se desvincular dessa associação e se apresentar como uma alternativa política local. Ainda assim, o grupo é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelos Estados Unidos, além de alguns países da Europa, como uma organização terrorista.
Líder do HTS tenta adotar perfil moderado para o grupo, mas é acusado de ter cometido abusos brutais na Síria
Um dos principais líderes do grupo é Abu Mohammed al-Golani. Ele chegou a lutar junto a Al’Qaeda no Iraque, mas alega ter se afastado e busca se apresentar como um líder mais moderado. Em maio de 2013, o Departamento de Estado dos EUA listou al-Golani como um “terrorista global especialmente designado”, e oferece uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levassem à sua captura.
Logo após a fusão que deu origem ao HTS, o grupo se concentrou no noroeste da Síria e instalou um governo civil na região da província de Ildib. Neste processo, o HTS e al-Golani são acusados de massacrar outros rebeldes, cometendo abusos brutais.
No entanto, mais recentemente, como parte do perfil mais moderado que o grupo tem tentado passar, ao capturar Homs, segundo a Reuters, o líder do HTS teria pedido aos combatentes que não machuquem “aqueles que largarem as armas”. Al-Golani também teria classificado o ato como um momento histórico.
No sábado (7), os redeldes do HTS pediram ajuda à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) para o descarte seguro de um estoque de armas químicas do ditador agora deposto Bashar al-Assad. “O povo sírio tem suportado um imenso sofrimento e feridas devido ao uso criminoso de armas internacionalmente proibidas pelo regime de Bashar al-Assad contra civis inocentes, em flagrante violação de todas as convenções internacionais e valores humanitários”, afirmaram os rebeldes.
Após deposição de Assad, grupo anunciou toque de recolher de 13 horas na Síria
Como uma das primeiras medidas tomadas pelo grupo HTS após a deposição de Assad, foi anunciado um toque de recolher de 13 horas na capital da Síria. “O Comando de Operações Militares anuncia o toque de recolher na cidade de Damasco das 4 da tarde às 5 da manhã”, segundo um breve comunicado dos rebeldes, que não detalhou quando entrará em vigor ou até quando durará.
Os rebeldes também teriam pedido respeito à propriedade pública e privada, bem como não disparar.
Ao proclamar a vitória, al-Golani emitiu um comunicado. “Oh, meus irmãos revolucionários, orem a Deus para lhe agradecer pela vitória que nos deu através dos seus braços”, disse.