O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou nesta quinta (2) que quer que a COP 30 que será realizada em Belém, em novembro, seja exemplar e traga resultados concretos que foram apenas negociados nas últimas edições nos Emirados Árabes e no Azerbaijão. A COP é a conferência das Nações Unidas voltada ao meio ambiente e às mudanças climáticas, que ele diz que o Brasil pode ser a grande liderança mundial neste processo.
“A grande missão da COP 30 é ser a COP da implementação, deixar aquilo que está sob a assinatura dos líderes e transformar isso em realizações. E eu reputo que o Brasil tem a autoridade e a oportunidade de ser o grande timoneiro, a grande locomotiva deste processo, seja mostrando suas experiências, seja fazendo um chamamento ao planeta que, diante das urgências ambientais, podemos e devemos imediatamente agir”, disse em entrevista à GloboNews.
Segundo Helder Barbalho, a realização da COP 30 em Belém tem ainda um peso ambiental importante por suceder a duas edições que foram realizadas em países produtores de combustíveis fósseis, o que mostra a importância de se discutir as mudanças climáticas em um ambiente emblemático pela necessidade de proteção.
O governador diz ter ciência de que é preciso acabar com as “ilegalidades ambientais”, como desmatamentos e incêndios florestais, mas que é preciso criar condições para que pessoas que eventualmente recorram a isso tenham soluções à disposição que gerem empregos verdes e desenvolvimento sustentável.
“Um modelo que compatibilize os conflitos e todos os desafios sociais com os desafios ambientais”, pontuou ressaltando que a COP 30 de Belém será, ainda, a revisão do Acordo de Paris assinado há dez anos.
O tratado teve a adesão de 196 países, incluindo o Brasil, com o compromisso mundial de reduzir a emissão de gases do efeito estufa e conter o aquecimento global – o que não tem gerado resultados satisfatórios, com o planeta registrando sucessivos recordes de temperaturas.
“Mas, ainda temos, infelizmente, a fotografia de áreas de desmatamento ilegal, de áreas de queimadas, tivemos um verão [amazônico] muito intenso em que biomas do Brasil – seja a Amazônia, o Pantanal, o Cerrado – apresentaram o maior nível de focos de queimadas”, explicou.
Helder Barbalho ressaltou a necessidade de nações desenvolvidas ajudarem financeiramente os países em desenvolvimento e não culpá-los pelo desequilíbrio climático, e ainda pontuou que o desenvolvimento do mercado de carbono pode ajudar o Brasil a rentabilizar a proteção da floresta amazônica com a venda de créditos às grandes indústrias que ainda utilizam combustíveis fósseis.
Ele, no entanto, evitou comentar eventuais dificuldades que venham a ser enfrentadas com a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos que, na última gestão, retirou o país do Acordo de Paris.
Ainda de acordo com o governador paraense, a cidade de Belém cumprirá o cronograma de obras públicas e privadas para receber as comitivas mundiais que participarão da COP 30, com melhorias nos sistemas de saneamento básico, mobilidade urbana, parques públicos, estrutura hoteleira, entre outros. Ao todo, disse, estão sendo investidos R$ 5 bilhões pelo poder público e mais os investimentos privados.