O Google dará mais um passo na reformulação das buscas com o uso de inteligência artificial. A big tech anunciou nesta quarta-feira (11) que, a partir de 2025, o usuário poderá fazer perguntas por voz e interagir com o resultado do buscador, fazendo novas questões. As respostas serão geradas pelo novo e mais potente modelo de IA do gigante da tecnologia, o Gemini 2.0.
A promessa alteraria de forma substancial o funcionamento dos resumos de IA entregues pelo buscador, uma vez que usuário poderia tirar suas dúvidas com o próprio chatbot —hoje, é possível apenas avaliar se a resposta foi satisfatória ou não.
Embora vise a facilitar a pesquisa do usuário por informações relevantes, a nova ferramenta pode comprometer a produção de conteúdo inédito e baseado em fatos. Isso porque a plataforma tende a diminuir as chances de o leitor clicar em links da internet, de acordo com pesquisadores ouvidos pela Folha.
Assim, os veículos jornalísticos e os criadores de conteúdo perderiam tráfego hoje oriundo do buscador para o Google, o que poderia comprometer a renda publicitária desses sites.
“Há uma preocupação de que isso crie uma espécie de monocultura na rede: a empresa não seria mais só um buscador, que envia tráfego e cliques para outros lugares, mas o destino final e único de todas as buscas por informação, que passam a ser alimentadas pelo próprio site”, disse o cientista-chefe do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos.
Questionado sobre o risco de o conteúdo da internet piorar, o CEO do Google, Sundar Pichai, disse, em entrevista ao New York Times transmitida na última quinta-feira (5), que os buscadores atuais fazem coisas inimagináveis há 25 anos. “Se a internet estiver inundada de conteúdo de baixa qualidade, um buscador de ponta será ainda mais crucial para encontrar o que é relevante.”
Segundo carta assinada por Pichai divulgada nesta quarta, o usuário poderá, sem sair do buscador, resolver equações matemáticas complexas e desenvolver programas de computador. Os primeiros testadores terão acesso ao recurso já nesta semana. O lançamento global está programado para 2025.
O avanço nas buscas, além de mudanças na interface, teria a ver com o anúncio do novo modelo de inteligência artificial do gigante da tecnologia, o Gemini 2.0. O Google diz ter conseguido avanços em como a IA compreende e gera imagens, permitindo que a pessoa se comunique com a ferramenta em tempo real, inclusive apresentando fotos e vídeos ao vivo.
O chamado Projeto Astra agiria como um agente autônomo e seria capaz de fazer buscas e compras, além de usar os apps Google Lens e Google Maps pelo usuário. Esse nível de interatividade, contudo, ainda não tem data de lançamento marcada.
A empresa também trabalha em um agente autônomo que pode usar um computador de maneira independente e outro que desenvolve códigos, com base nas documentações do usuário.
As primeiras pistas das melhorias citadas pelo Google estarão disponíveis no chatbot Gemini, a partir desta quarta. Usuários da versão gratuita terão acesso a uma versão mais rápida e precisa da IA, o Gemini 2.0 Flash.
Os assinantes do serviço Google One, que oferece mais espaço no drive, ferramentas de edição de documentos e acesso ao melhorado Gemini Advanced por R$ 96,99 mensais, terão acesso também a função deep research da IA.
Nesse modo, o modelo trata o comando inicial como uma premissa e faz uma série de perguntas para resolver a questão, formulando um plano de ação. Esse passo a passo é apresentado ao usuário que aprova ou não a abordagem antes de receber o resultado final.