Por Nora Eckert
DETROIT, Estados Unidos (Reuters) – A General Motors (NYSE:) disse a acionistas nesta quarta-feira que vai registrar dois encargos não monetários, totalizando mais de 5 bilhões de dólares, em sua joint venture na China, um relacionado à reestruturação da operação e outro refletindo queda no valor da operação.
A divisão chinesa da GM, que já foi um motor de lucros para a empresa de Detroit, agora está perdendo dinheiro. A empresa tem enfrentado dificuldades para competir com as montadoras da China, o maior mercado automotivo do mundo, que ultrapassaram as rivais norte-americanas e europeias.
A GM afirmou que vai registrar encargo de 2,6 bilhões a 2,9 bilhões de dólares relacionado a custos de reestruturação e outro de 2,7 bilhões para redução do valor da joint-venture.
Alguns dos encargos estão relacionados a “fechamentos de fábricas e otimização de portfólio”, disse a empresa. O diretor financeiro da GM, Paul Jacobson, disse durante uma conferência com analistas nesta quarta-feira que os esforços de reestruturação estão em seus estágios finais.
Jacobson disse que a GM está buscando ser lucrativa na China no próximo ano e acredita que a joint venture pode se reestruturar sem fundos adicionais.
A reestruturação foi uma “decisão difícil”, mas permitirá que a operação seja “lucrativa em uma escala menor”, disse Jacobson.
A GM tem parceria com a SAIC Motors na China para fabricar veículos Buick, Chevrolet e Cadillac.
A GM não divulgou detalhes sobre a reestruturação.
A maioria dos encargos será registrada no resultado do quarto trimestre, reduzindo o lucro líquido, mas não os resultados ajustados, disse um porta-voz da GM.
MERCADO “INSUSTENTÁVEL”
A presidente-executiva da GM, Mary Barra, vem transformando as operações da montadora na China e disse aos investidores em outubro que, até o final do ano, haveria “uma redução significativa no estoque das concessionárias e melhorias modestas nas vendas e na participação”.
A montadora perdeu cerca de 350 milhões de dólares na região nos três primeiros trimestres deste ano.
Em março, a Reuters informou que a SAIC pretende cortar milhares de empregos, inclusive em sua joint venture com a GM.
Barra alertou em julho que o mercado chinês estava se tornando insustentável para muitas empresas que estavam perdendo dinheiro.
A concorrência acirrada dos fabricantes chineses e uma guerra de preços já tiveram efeitos visíveis.
As vendas da SAIC-GM caíram 59% nos primeiros 11 meses deste ano, para 370.989 veículos, enquanto a campeã local de carros elétricos BYD (SZ:) vendeu mais de 10 vezes esse número no mesmo período. O empreendimento da GM atingiu seu pico em 2018, vendendo 2 milhões de carros por ano.
Alguns analistas estavam céticos quanto à possibilidade da joint venture se reestruturar sem mais dinheiro da GM e alertaram que o mercado chinês pode não ser viável para a montadora.
“Os ventos contrários na China continuam muito grandes para criar uma lucratividade significativa”, disseram os analistas da Bernstein.
A Volkswagen (ETR:), ultrapassada em 2022 pela BYD como a marca mais vendida na China, está tentando aprofundar os laços com os parceiros chineses, incluindo a Xpeng (NYSE:) Motor e a SAIC, para que a tecnologia de veículos elétricos compense as vendas fracas em seu maior mercado. A montadora alemã e a SAIC concordaram em estender um contrato de joint venture por uma década, até 2040.
A montadora japonesa Nissan (TYO:) Motor está cortando 9.000 empregos e reduzindo sua capacidade de produção devido à queda nas vendas na China e nos EUA.
A Ford está transformando sua presença na China para se tornar um centro de exportação de veículos, embora alguns analistas estejam pedindo que as montadoras de Detroit reduzam suas perdas e saiam completamente do maior mercado automotivo do mundo.