O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fez uma reunião com todos os secretários municipais e chefes de órgãos públicos na manhã desta quinta-feira (2). Ele assistiu a uma apresentação que colocou a entrega de obras nas áreas de educação, saúde e infraestrutura no topo da lista de prioridades para os primeiros cem dias da nova gestão.
O evento ocorreu no saguão de entrada da prefeitura, com as portas abertas à população. O secretário de Governo, Edson Aparecido, fez a apresentação da lista de metas.
Nunes fez ajustes nos itens da lista de promessas no meio da apresentação. Ele vetou, por exemplo, o aumento do valor do auxílio aluguel, que constava entre as metas exibidas num telão em frente à mesa de secretários. Hoje a prefeitura paga R$ 400 para os beneficiários.
“Aumento do valor do auxílio aluguel, não. Nós vamos entregar casas”, disse o prefeito, corrigindo o documento. O plano prevê a entrega de 981 unidades habitacionais ao fim dos primeiros cem dias de gestão.
O último reajuste no valor do auxílio municipal ocorreu há dez anos. Questionado sobre o tema, Nunes disse que a prefeitura deve focar na entrega de moradia permanente à população, e que o auxílio é uma ajuda de caráter temporário.
“A prefeitura não vai ficar pagando aluguel para as pessoas. A gente dá um auxilio porque a gente faz nossa politica pública habitacional”, afirmou. “A gente fez isso tanto nas ações diretas do poder público, da Prefeitura de São Paulo, com o Pode Entrar e as parcerias com o estado, [com o programa] Casa Paulista, e também através do [setor privado].”
Ele destacou que a prefeitura aumentou o valor pago a famílias que são removidas de áreas de risco, de R$ 600.
Nunes também cobrou a inclusão do programa Mamãe Tarifa Zero, uma promessa de campanha, entre as metas. Com ele, a prefeitura deve oferecer passe livre nos ônibus municipais para as mães de alunos da rede de educação municipal inscritas no CadÚnico (Cadastro Único de Sociais).
O secretário de Educação, Ricardo Padula, disse na reunião que funcionários de sua pasta estavam conversando com a secretária de Transporte para viabilizar o programa.
Entre dezenas de metas, há a previsão da entrega de 12 novas escolas, três CEUs (Centros Educacionais Integrados), três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), três UBSs (Unidades Básicas de Saúde), dois viadutos e reforma de outros 11, por exemplo.
A maioria das promessas são obras que já estão em andamento.
Entre as metas para os cem dias de governo está a entrega de um túnel viário na rua Sena Madureira. A obra, no entanto, está paralisada por decisão judicial liminar. Há três ações na Justiça que contestam a intervenção, alvo de protestos de moradores devido à previsão de derrubada de 172 árvores.
“Eu vou até o fim para a gente poder liberar isso aí”, disse Nunes. “As compensações ambientais serão feitas, aquelas famílias [desapropriadas, em área irregular] serão colocadas numa situação melhor.”
Entre as obras prometidas para os primeiros cem dias também está o corredor de ônibus da avenida Imirim, na zona norte da capital. A previsão inicial era que a obra fosse entregue até o fim do ano passado. Nunes terminou a gestão anterior sem entregar novos terminais nem corredores de ônibus.
Em frente aos jornalistas, Nunes cobrou os secretários por qualidade na entrega de obras. Ele contou um caso em que foi à inauguração de uma escola e constatou que uma janela estava com defeito e não abria. O prefeito contou que chamou o fiscal de obra no local e deu uma bronca.
“Eu vou voltar neste mês nessa escola e tenho certeza que a janela vai estar funcionando. Se não eu vou abrir a janela e jogar o secretário de lá de cima, e ele não quer ser jogado lá de cima”, disse.
Aparecido orientou os novos secretários a sempre visitar locais de obra antes da data de inauguração e fazer uma fiscalização minuciosa dos equipamentos.
Outra orientação do prefeito é consultar a Secretaria de Governo sempre que houver necessidade de diálogo com conselheiros do TCM (Tribunal de Contas do Município).
Desde que assumiu o cargo, Nunes tem uma relação de altos e baixos com o tribunal, com críticas a situações em que obras do Executivo foram paralisadas por decisão dos conselheiros —muitas vezes para ajustes dos projetos à legislação.
“Não tem secretário autorizado a ir falar com o TCM”, disse Nunes na reunião.
Durante entrevista coletiva, Nunes também confirmou que seu vice, coronel Mello Araújo, não assumirá a secretaria de Projetos Estratégicos. Ele não explicou o motivo para a decisão, afirmando que a mudança fará pouca diferença na gestão pública, e disse que o vice deve se concentrar nos esforços de prevenção contra enchentes nos próximos meses.
Nunes não soube responder a uma pergunta sobre a assinatura de um contrato de US$ 68 milhões com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para financiar um programa educacional, o “Educação Paulistana Pode +”, que constava na lista de entregas previstas. Segundo Padula, o programa visa melhorar a alfabetização e a aprendizagem, investir em tecnologia, na infraestrutura das escolas e na gestão da secretaria.
Padula afirmou que o projeto está em discussão com o BID há dois anos e, no final de 2024, o Senado aprovou o empréstimo —como o contrato é firmado com um órgão internacional, a autorização para a transação deve passar pelo governo federal.