A extensão máxima de gelo marinho do Ártico deste ano é a menor no registro de satélite em 47 anos, informou o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA (NSIDC), nesta quinta-feira (27).
A extensão máxima de gelo marinho de 2025 provavelmente foi alcançada em 22 de março, com 14,33 milhões de quilômetros quadrados, inferior à mínima anterior de 14,41 milhões de quilômetros quadrados, estabelecida em 2017.
De acordo com a análise da NSIDC, o golfo de São Lourenço, localizado no leste do Canadá, permaneceu praticamente livre de gelo durante o último inverno. O mar de Okhotsk, que banha partes do norte do Japão e da Rússia, teve gelo marinho classificado como substancialmente abaixo da média no período.
O documento da NSIDC diz que apenas o mar do leste da Groenlândia teve extensão de gelo próxima da média durante o último inverno do hemisfério norte.
“As temperaturas ficaram de 1ºC a 2ºC acima da média no Ártico e nos mares ao redor, o que provavelmente desacelerou o ritmo de formação do gelo”, diz o texto.
Segundo comunicado da instituição, a análise é preliminar, e uma nova avaliação será lançada pelos cientistas em abril.
Geleiras e sobrevivência na terra
Em 21 de março, a ONU (Organização das Nações Unidas) anunciou que todas as regiões glaciares registraram perda líquida de massa em 2024, pelo terceiro ano consecutivo. O levantamento destacou que a preservação das geleiras é uma questão de sobrevivência na Terra.
“Preservar as geleiras não é apenas uma necessidade ambiental, econômica e social. É uma questão de sobrevivência”, advertiu a argentina Celeste Saulo, secretária-geral da OMM (Organização Meteorológica Mundial).
A perda dos campos de gelo ameaça o abastecimento de água de centenas de milhões de pessoas.
Mais de 275 mil glaciares no mundo cobrem uma área. de aproximadamente 700 mil quilômetros quadrados, sem incluir as calotas de gelo continentais de Groenlândia e Antártida, assinalou a OMM, em comunicado.
Contudo, essas formações estão diminuindo rapidamente devido às mudanças climáticas.
Pesquisadores chegaram a estimar que o Ártico pode ter um primeiro dia em condições consideradas livres de gelo antes de 2030 devido às mudanças climáticas. As conclusões estão em um artigo publicado em dezembro de 2024 na revista Nature Communications por pesquisadoras da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e da Universidade do Colorado, nos EUA.
“Um único dia pode não ser tão significativo para o clima. No entanto, um dia sem gelo marinho torna mais provável que haja outro dia sem gelo, depois outro, e mais outro, até chegar a um mês inteiro, e assim por diante. Isso ocorre porque, sem o gelo marinho, o oceano aquece rapidamente, o que dificulta a formação de gelo novamente”, afirma a pesquisadora Céline Heuzé, professora sênior de climatologia na Universidade de Gotemburgo e uma das autoras do estudo.
Sem a quantidade adequada de gelo, a biodiversidade local corre riscos. “O gelo marinho é a base do ecossistema no Ártico. Tudo, desde algas até peixes e ursos-polares, depende dele”, diz Heuzé.