Os Estados Unidos e o Reino Unido firmaram acordo bilateral nesta segunda-feira (18) para acelerar o uso da tecnologia nuclear de ponta como meio de contribuir para a descarbonização dos seus setores econômicos, informou o Departamento de Segurança Energética britânico por meio de nota.
Segundo o texto, o acordo permitirá o investimento bilateral de bilhões de libras esterlinas em pesquisa, inovação e desenvolvimento nuclear e envolverá o trabalho de instituições acadêmicas dos dois lados do oceano Atlântico. A expectativa é de cooperação dos países para tornar novas tecnologias nucleares disponíveis para uso dos seus setores produtivos até 2030.
“A fonte nuclear terá um papel essencial no futuro da energia limpa”, afirmou o secretário britânico de Energia, Ed Miliband.
Em princípio, EUA e Reino Unido devem cooperar no desenvolvimento de reatores modulares avançados, capazes de gerar energia de baixo carbono principalmente para setores de combustíveis para aviação, hidrogênio, siderúrgica e outros com alta pegada de carbono. Os reatores dessa geração são menores e podem ser contruídos, a custos menores, nas unidades produtivas, segundo a nota.
“Isso vai apoiar o compromisso feito no ano passado, na COP28, por 31 países, inclusive os EUA e o Reino Unido, de triplicar a capacidade global de energia nuclear até 2050″, diz o texto. “A nova energia nuclear ajudará a garantir milhares de empregos bons e qualificados e a apoiar a independência energética além de 2030”, completa.
É significativo o fato de o acordo ter sido selado em meio à COP29 e a três meses de os países envolvidos nas negociações climáticas apresentarem seus novos compromissos de redução de emissões de gases-estufa —em tese, mais ambiciosas do que as atuais.
Na conferência climática do ano passado nos Emirados Árabes Unidos, 22 países prometeram, pela primeira vez, triplicar o uso mundial de energia nuclear até meados do século para ajudar a conter o aquecimento global. Na cúpula deste ano no Azerbaijão, mais seis países assumiram esse compromisso.
Segundo o jornal The New York Times, a lista de países que se valem de novos reatores nucleares para a geração de energia —sem emissão de gases-estufa— inclui velhos usuários dessa fonte, como Canadá, Coreia do Sul e EUA. Mas igualmente chama a atenção de nações que ainda não detém nenhuma capacidade no setor, como Nigéria, Mongólia e Quênia.
Com o aumento da preocupação com as emissões e do risco de o aquecimento global chegar a um ponto de não retorno, o interesse pela geração nuclear avançou. As dúvidas sobre a capacidade de as fontes renováveis já conhecidas e em desenvolvimento cobrirem as demandas futuras por combustíveis fósseis abriram ainda mais margem para as novas concepções de usinas atômicas.
“A energia nuclear continua a ter um monte de detratores, inclusive ambientalistas que apontam para seus altos custos e lixo radioativo. Ainda assim, muitos políticos mostram-se ansiosos em lhe dar uma segunda chance durante as conversas climáticas desde ano”, menciona o NYT.