Sem explicar o motivo, a Prefeitura de São Paulo divulgou uma minuta que propõe proibir o estacionamento de bicicletas compartilhadas em vias com velocidade máxima superior a 40 km/h.
De acordo com especialistas ouvidos pelo Ciclocosmo, se aprovada, a medida inviabilizaria o estacionamento da maioria das 3 mil bicicletas do Bike Sampa, serviço de compartilhamento de bicicletas financiado pelo Itaú e gerido pela Tembici.
Só no corredor de ciclovias que conecta as avenidas Paulista e Vergueiro (centro), onde a velocidade máxima permitida é de 50 km/h, 23 estações seriam eliminadas. No corredor das avenidas Pedroso de Morais e Faria Lima (zona oeste), onde está instalada a ciclovia de maior movimento da capital paulista, 20 estações seriam eliminadas.
Segundo a Tembici, “a retirada dessas estações resultaria em impactos na intermodalidade e na eficácia do sistema como um todo, além de ir na contramão das boas práticas nacionais e internacionais de planejamento urbano.”
A minuta, proposta pelo CMUV (Comitê Municipal de Uso do Viário), foi divulgada um mês após duas empresas de compartilhamento de patinetes elétricos pedirem autorização para operar na cidade. De acordo com o texto, as futuras estações de patinetes seguiriam as mesmas limitações de localização impostas às estações de bicicletas.
Atualmente, cerca de 30% das estações Bike Sampa estão localizadas em áreas estratégicas de alta demanda, muitas delas conectadas a estações de metrô e ônibus, permitindo a integração entre diferentes modais e atendendo a chamada “última milha” dos deslocamentos urbanos, disse a Tembici.
Serviços de compartilhamento de bicicletas ganharam fôlego após o Acordo de Paris (2015), onde governos se comprometeram a criar iniciativas para manter a alta da temperatura global em até 1,5°C. Na cidade de São Paulo, o lançamento do PlanClima (lei do Plano de Ação Climática do Município de São Paulo 2020-2050) foi celebrado pelo então prefeito Bruno Covas (PSDB) para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa.
Entre as metas do PlanClima está prevista a criação de condições para que 4% de todas as viagens urbanas sejam feitas de bicicleta até 2030, e 8% até 2050.
Por nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio do CMUV, informou que a minuta faz parte de “uma consulta pública aberta para receber sugestões para melhorar a micromobilidade na cidade e aprimorar a legislação para o compartilhamento de bicicletas e patinetes. Não há, portanto, previsão ou intenção de reduzir a quantidade de estações de compartilhamento, mas sim colocar em debate o melhor funcionamento desses modais, priorizando a segurança de pedestres, motoristas e usuários de bicicletas e patinetes, bem como reforçar as regras de utilização das calçadas. Cabe destacar que o texto final da Resolução ainda será elaborado, considerando as contribuições recebidas durante o período de consulta pública.”
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