A cada ano, milhões de jovens saem das escolas públicas acreditando que estão prontos para a vida adulta. E, então, basta encarar a primeira entrevista de emprego para descobrir que passaram mais de uma década decorando conteúdo inútil, resolvendo equações sem contexto e repetindo fórmulas que não têm qualquer aplicação prática. O resultado? Gente despreparada, insegura, vulnerável. Um exército de adolescentes que sabe calcular o volume de um paralelepípedo, mas não tem ideia de como preencher um currículo ou administrar o próprio salário.
Enquanto o mundo se reinventa em ritmo frenético, o conteúdo pedagógico brasileiro continua preso ao século passado. Em vez de ensinar sobre finanças, inteligência emocional, criatividade, liderança, empreendedorismo, resolução de problemas, trabalho em equipe ou oratória, habilidades que qualquer cidadão minimamente funcional precisa, as escolas seguem obcecadas por provas, notas, decoreba e um falso mérito que não sobrevive à realidade.
E a pergunta precisa ser feita: a quem interessa manter essa ignorância?
Porque, sim, é conveniente ter uma população educada para obedecer, não para questionar. Mais útil ao sistema um jovem que saiba identificar o sujeito da oração do que um que saiba identificar uma oportunidade de negócio. Mais confortável manter alunos domesticados do que formar cidadãos capazes de pensar, reagir, construir, transformar.
Enquanto isso, milhares de jovens deixam o ensino médio sem saber o que é fluxo de caixa, o que significa um CNPJ, como fazer um pitch, o que é planejamento estratégico ou até mesmo como usar um cartão de crédito. Saem sem saber negociar, vender uma ideia, criar uma solução. Jogados num mercado de trabalho implacável, sem preparo algum e o sistema finge que está tudo bem.
Mas não está. A escola hoje ensina para a prova, não para a vida. Forma robôs para o Enem, mas não forma gente para o mundo. Os professores, que também são vítimas de um sistema ultrapassado, seguem obrigando os alunos a decorar os reinos biológicos, mas não ensinam a lidar com frustração, a fazer boas escolhas, a entender como a economia afeta sua rotina, a empreender dentro ou fora de uma empresa.
Falar sobre empreendedorismo ainda é tabu. É tratado como “coisa de rico” ou “modismo liberal”, quando deveria ser base da educação fundamental. Empreender não é só abrir empresa, é assumir responsabilidade, resolver problemas, pensar de forma independente, fazer acontecer. Tudo aquilo que o sistema educacional, infelizmente, desaprendeu a ensinar.
E o resultado está diante dos nossos olhos: jovens frustrados, desempregados, dependentes, adoecidos. Gente que tirou nota alta, mas não aprendeu a viver. Gente que acreditou que estudar bastava até o mundo mostrar, da forma mais cruel possível, que o jogo é outro.
Se queremos um Brasil que prospere, que evolua, que se reinvente, precisamos parar de educar para o boletim e começar a formar para a realidade. Educação não é só acesso a conteúdo. É construção de senso crítico, de maturidade, de visão prática. É ensinar o aluno a ser protagonista e não passageiro da própria vida. O mundo lá fora está correndo e quem ainda acredita que decorar a tabela periódica vai garantir um futuro brilhante está, tristemente, educando para a frustração.
Chega de formar desempregados com diploma. Está na hora de transformar a escola no que ela deveria ser: um lugar onde sonhos ganham forma, onde habilidades ganham direção e onde o saber se transforma em liberdade.
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