A utilização de contêineres empilhados nos trens fez com que as composições ficassem menores e mais eficientes no transporte de cargas entre Rondonópolis (MT) e Sumaré (SP).
Adotado há cinco anos pela companhia de logística Brado, subsidiária da Rumo, o sistema chamado de double stack é usado em trens com 65 vagões e 1.272 m de extensão, com capacidade para levar 130 contêineres de 40 pés. Já o anterior (long stack) utilizava 58 vagões, mas tinha 1.554 m de comprimento e levava 116 contêineres —dois de 40 pés lado a lado.
Ele permite levar dois contêineres de 40 pés empilhados, um contêiner de 40 pés embaixo e um de 53 pés em cima ou, ainda, dois contêineres de 20 pés embaixo e um de 40 pés em cima. Dos 148 vagões iniciais, hoje são usados 298 na rota.
Nos cinco anos de utilização entre a cidade mato-grossense e o interior paulista, a capacidade de transporte cresceu 43% e foram movimentados mais de 170 mil contêineres em 1.329 viagens dos trens, que têm altura de 5,87 m.
A viagem inicial levou somente bebidas, produtos de higiene e beleza e fertilizantes de Sumaré a Rondonópolis, mix que hoje é compreendido por mais de 30 tipos de cargas, como insumos agrícolas e industriais.
Por meio de sua assessoria, o CEO da Brado, Luciano Johnsson, disse que o sistema é largamente usado nos Estados Unidos, enquanto no Brasil é pouco explorado, mas em amplo crescimento nas rotas da empresa.
Segundo a Brado, a proposta de implantar o sistema double stack surgiu ainda em 2017, mas para que fosse possível colocar em prática engenheiros da empresa e fornecedores dos vagões foram aos Estados Unidos conhecer o seu funcionamento.
Nas viagens de testes, o objetivo era identificar o balanceamento do trem, se havia interferências na linha, como galhos e fios, a velocidade da composição e a segurança das travas dos contêineres.
Embora vantajoso, há impeditivos nas linhas férreas do país para que a modalidade de transporte seja adotada em todo o sistema ferroviário, como a altura de túneis. Na época da implantação, foram necessárias obras para comportar a altura dos contêineres em 60 pontos da ferrovia —como fiação elétrica e de telefone, elevações de viadutos e rebaixamento da linha férrea.
Tornar o transporte mais eficiente fez, também, com que a Rumo optasse, em outro corredor ferroviário, por trens maiores. Se de um lado é possível usar contêineres empilhados, no principal corredor do agronegócio no país, entre a mesma Rondonópolis e o porto de Santos, a concessionária implantou em 2021 trens com 120 vagões, 40 a mais que as composições até então usadas.
A proposta inicial da Rumo era utilizar cinco locomotivas para tracionar os 120 vagões, mas após estudos no decorrer daquele ano concluiu-se que era possível fazer a rota entre a cidade mato-grossense e Santos com quatro locomotivas.
Ao contrário do trem que utiliza contêineres empilhados, que teve o tamanho reduzido, o de 120 vagões passou de 1,5 quilômetro para 2,2 quilômetros. A vantagem para a Rumo, no caso, é a possibilidade de transportar mais cargas com o uso de menos locomotivas.
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